As autoridades locais confirmaram hoje que o diretor de desenvolvimento da empresa alemã TÜV SÜD está entre os indiciados, além de cinco engenheiros daquela companhia, que certificaram em 2018 a estabilidade da barragem.
No caso da brasileira Vale, sete funcionários foram indiciados, mas nenhum deles faz parte da direção da empresa.
No entanto, a Polícia Federal não descarta a possibilidade de, nos próximos dias, executivos das duas empresas serem indiciados pelos crimes de homicídio e danos ambientais.
A investigação policial concluiu que o certificado de estabilidade da estrutura continha informações falsas, e que as instalações não atendiam aos critérios de segurança estabelecidos pelas normas internacionais.
O documento foi enviado ao Ministério Público brasileiro, que decidirá sobre o seu encaminhamento à justiça.
Num comunicado divulgado no seu ‘site’, a Vale declarou que tomou hoje conhecimento dos resultados do inquérito policial e que “avaliará detalhadamente” o teor do documento, frisando “que a empresa e os seus empregados continuarão a contribuir com as autoridades e responderão às acusações no momento e ambiente oportunos”.
Na semana passada, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a rutura da barragem de Brumadinho, no Brasil, pediu que Vale seja indiciada por homicídio doloso eventual, em que se assume o risco de matar.
Após seis meses de investigação sobre a tragédia que tirou a vida a pelo menos 249 pessoas, em janeiro, o relatório final da CPI afirma que a Vale, proprietária da barragem, “sabia de todos os riscos de rutura da estrutura”.
Entre os apontados pela comissão estão o presidente da companhia Fábio Schvartsman e o diretor-executivo da Vale Peter Poppinga, ambos afastados dos cargos após a rutura da estrutura, e a responsável técnica pela barragem, Cristina Malheiros.
A companhia brasileira Vale teve em julho a sua primeira condenação pela rutura de uma das suas barragens em Brumadinho, no estado de Minas Gerais, em 25 de janeiro deste ano, que causou a morte a pelo menos 249 pessoas, entre moradores e trabalhadores, sendo que 21 permanecem desaparecidas.
Nesta quinta-feira, a Vale teve uma nova condenação, sendo obrigada a indemnizar em 11,8 milhões de reais (cerca de 2,6 milhões de euros) os familiares de três das 249 vítimas.
De acordo com a Agência Brasil, que cita o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, a empresa deverá compensar os familiares de dois irmãos e de uma mulher grávida que morreram soterrados numa pousada que foi atingida pela lama.
Além das perdas humanas, os quase 13 milhões de metros cúbicos de lama que foram lançados com a rutura da barragem atingiram animais selvagens e domésticos, chegando ao rio Paraopeba, que percorre várias cidades do estado e onde havia captação de água para abastecimento daquela região metropolitana.
A barragem que cedeu em Brumadinho pertencia à empresa mineira Vale, maior produtora e exportadora de ferro do mundo, que sofreu críticas e perdas financeiras devido ao desastre.
A empresa esteve envolvida há três anos numa outra catástrofe semelhante, ocorrida numa das minas da sua subsidiária Samarco no estado de Minas Gerais, na cidade de Mariana, na qual morreram 19 pessoas.
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