Os manifestantes estavam reunidos num bairro próximo da emblemática Praça Taksim, no centro de Istambul, rodeada de polícias para evitar protestos neste espaço, e começaram a marchar ao longo da Avenida Istiklal, artéria repleta de lojas e espaços de entretenimento na cidade.

A polícia interveio de imediato, usando gás lacrimogéneo e balas de plástico, e fez dezenas de detenções, muitas das quais com base em violência, segundo relata o jornal diário turco Diken.

Em 2004, último ano em que foi autorizada na cidade, a marcha do orgulho LGBTQI (lésbicas, gays, bissexuais, transgénero, ‘queer’ e intersexuais) realizou-se num clima de festa e de forma pacífica na Avenida Istiklal, com um afluxo de dezenas de milhares pessoas.

Há 17 anos, a celebração foi proibida pelo Governo, já que, segundo foi argumentado, constituía uma “violação da moral pública”, apesar de a homossexualidade ser legal na Turquia desde 1858.

No ano passado, a bandeira arco-íris, símbolo da comunidade, tornou-se a principal inimiga pública nos setores islâmicos e conservadores que apoiam o Governo do Presidente, Recep Tayyip Erdogan.

Por isso mesmo, essas bandeiras são agora hasteadas com frequência em qualquer manifestação antigovernamental, mesmo que não tenha nada a ver com os direitos de gays e lésbicas, como aconteceu nos protestos estudantis de janeiro passado ou na marcha feminista de 08 de março.

As marchas de orgulho realizam-se este mês em várias das principais cidades de todo o mundo para comemorar as manifestações de junho de 1969, nos Estados Unidos, que iniciaram o movimento de afirmação das comunidades em causa.

Este ano, a comunidade de países europeus manifesta-se ainda contra a posição assumida em 15 de junho pela Hungria, quando foi aprovada uma lei a proibir “a promoção” da homossexualidade junto de menores de 18 anos.

A nova legislação desencadeou a inquietação dos defensores dos direitos humanos, numa altura em que o Governo conservador de Viktor Orbán multiplica as restrições à comunidade LGBTQI.

Na terça-feira passada, treze países da União Europeia instaram a Comissão Europeia a “utilizar todos os instrumentos à sua disposição para garantir o pleno respeito do direito europeu”, perante a lei húngara considerada “discriminatória para as pessoas LGBTQI”.

Redigido por iniciativa da Bélgica, o texto foi assinado por mais 12 Estados-membros: Países Baixos, Luxemburgo, França, Alemanha, Irlanda, Espanha, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Estónia, Letónia e Lituânia.

Dois dias depois, na quinta-feira, os líderes de 17 países da União Europeia, prometeram continuar a lutar contra a discriminação da comunidade LGBTI, reafirmando a defesa dos direitos fundamentais numa carta dirigida ao primeiro-ministro, António Costa — já que Portugal está a ocupar a presidência da União Europeia até ao final do mês — e à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

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