O ataque dos rebeldes à comunidade de Nanduli, a oito quilómetros da estrada nacional EN380 e a cerca de 25 da sede distrital de Ancuabe, aconteceu por volta das 12:00 (11:00 em Lisboa), quando os rebeldes atacaram uma posição das Forças de Defesa e Segurança moçambicanas.
“Todos nós fugimos, a situação não está boa, mesmo os nossos militares fugiram, a aldeia está sob ataque dos terroristas neste momento” disse uma testemunha local, em fuga, a partir da aldeia de Ngeue.
Algumas pessoas, relataram à Lusa que a incursão dos terroristas na comunidade de Nanduli colheu muita gente de surpresa, numa altura em que muitos se encontravam a descamisar e a debulhar milho, feijões e gergelim.
“Entraram a disparar e o primeiro alvo foi a posição militar, e eles fugiram e nós também, é triste porque tudo deixámos para trás e isso pode vir provocar fome” disse outra fonte, também em fuga, a partir de Ngeue.
Ainda não há relatos sobre mortes entre os residentes e nem da parte dos militares e os terroristas, mas o fogo está intenso, acrescentam.
“Não posso mentir, ainda não sei o que está a acontecer, se há ou não mortes, porque fugimos logo que entraram a disparar”, acrescentou.
Esta é a segunda vez em menos de três dias que os terroristas atacam o distrito de Ancuabe, sendo que, o último ataque aconteceu em 11 de maio na comunidade de Missufine, ao longo da estrada nacional EN1, a quase 70 quilómetros da cidade de Pemba, tendo começado por volta das 18:00 (17:00 em Lisboa), e durou quase quatro horas, com os terroristas a dispararem de forma indiscriminada enquanto incendiavam residências dos populares, na sua maioria de construção precária.
“A minha casa foi queimada, assim como a do meu vizinho, os terroristas entraram na sua máxima força e nem se deixaram intimidar por a aldeia estar na via mais movimentada da estrada nacional EN1” disse na altura um local.
O ataque a Missufine, precipitou a fuga da população da aldeia e comunidades vizinhas para a localidade de Sunate (Silva Macua), sede distrital de Ancuabe, distrito de Chiúre e cidade de Pemba.
“A minha família está em Silva Macua, preferi ficar sozinho para averiguar a situação” disse Siaca, de 46 anos, a partir da comunidade de Intutupue, a menos de 10 quilómetros da aldeia Missufine, onde ocorreu o ataque.
Segundo fontes locais, pelo menos três pessoas sofreram ferimentos ligeiros nos esconderijos, fruto de balas perdidas disparadas pelos rebeldes, durante a incursão. E dezenas de casas foram reduzidas a cinzas.
Tal como ataque de hoje a Nanduli, ainda não há relatos de vítimas mortais. O ataque de sábado a Missufine, condicionou a circulação de viaturas durante quase toda a noite ao longo da estrada EN1, cortando a ligação entre a cidade de Pemba e outros pontos da província.
Este é o segundo ataque à comunidade de Nanduli, e o terceiro no distrito de Ancuabe, sendo que o primeiro aconteceu em junho de 2022.
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