“O congresso para alteração dos estatutos vai realizar-se. Agora, se vai ser apenas um congresso para alteração estatutária ou também para eleições isso é que o partido terá que refletir”, afirmou Inês de Sousa Real em entrevista à SIC Notícias, apontando que esse é um “compromisso desta direção”.

Em janeiro, o Tribunal Constitucional rejeitou as alterações aos estatutos do partido aprovadas pelo último congresso, em junho, mas a porta-voz garantiu que o PAN “está a atuar dentro da mais normal legalidade” e que “estão em vigor os estatutos antigos”.

Um dia depois de o seu antecessor, André Silva, ter defendido que a atual líder deveria demitir-se após o resultado que o partido alcançou nas eleições legislativas, e convocar um congresso eletivo, a porta-voz voltou a referir a decisão da Comissão Política Nacional de auscultar primeiro as bases.

Questionada se vai apresentar a demissão, a porta-voz do Pessoas-Animais-Natureza não respondeu diretamente e afirmou que “aquilo que esta direção democraticamente optou por fazer foi convocar a auscultação de todos os filiados” sobre o futuro do partido.

“Queremos convidar todas e todos os filiados a fazer esta reflexão em conjunto e decidir se querem um congresso eletivo ou apenas um congresso para alteração estatutária”, indicou, afirmando que a direção vai “começar já este fim de semana a ouvir as várias distritais”.

Na ótica de Inês de Sousa Real, “não há exercício mais democrático e plural dentro de um partido do que ouvir” as bases, recusando ser “autoritária”.

A líder indicou igualmente que não continuará no parlamento se for esse o desejo do partido.

Nas últimas eleições legislativas o PAN perdeu o grupo parlamentar que tinha conseguido em 2019 e elegeu apenas um deputado, no caso Inês de Sousa Real, que foi cabeça de lista por Lisboa, tendo como “número dois” Nelson Silva.

Sobre as críticas do anterior líder, que apontou “erros políticos” à atual liderança, Inês de Sousa Real salientou que “o nome do PAN não está na lama” e que o partido já passou “por momentos muito difíceis, inclusivamente sobre a direção de André Silva”, dando como exemplos as desfiliações do eurodeputado Francisco Guerreiro e da deputada Cristina Rodrigues.

“Herdei uma direção que estava fraturada, herdei um partido que tinha dissidências internas”, apontou.

Referindo que a direção conduziu o partido nas eleições legislativas com “apenas sete meses” de mandato, Inês de Sousa Real assumiu “dificuldades de comunicação”.

E devolvendo as críticas, afirmou que André Silva foi acusado de “autoritarismo” e de tratar os funcionários do partido “de forma desrespeitosa”.

Questionada também sobre as intenções do anterior porta-voz, que esteve em silêncio durante vários meses desde que deixou a liderança, Inês de Sousa Real disse não saber se André Silva quer voltar a ser porta-voz do PAN ou “abrir caminho para Nelson Silva”, deputado e um dos dirigentes que apresentou a demissão da Comissão Política Nacional.

“Aquilo que eu sei é que há claramente aqui uma atitude consertada, que a meu ver é lamentável”, afirmou, falando num “triste espetáculo”, e apelou ao “sentido de responsabilidade destes dissidentes”.