O antigo vice-primeiro-ministro do Governo PSD/CDS liderado por Pedro Passos Coelho deixou esta mensagem num vídeo exibido perante os congressistas da 31.ª reunião magna dos centristas, que arrancou hoje e termina no domingo, em Viseu.
Portas começou por salientar que o congresso se reúne semanas depois de os portugueses "terem dito que querem alternância e mudança", alegando que "não há democracia sem alternância".
"Todos sabemos que quando as democracias deixam de ter alternância se transformam numa ficção", sustentou.
Por outro lado, continuou, "pelo voto dos portugueses no quadro da Aliança Democrática [coligação que juntou PSD, CDS-PP e PPM] também foi expressa a vontade de que a voz da democracia cristã, aberta a liberais e conservadores, como sempre aconteceu nesta instituição, voltasse ao parlamento e voltasse ao governo".
"Esta evolução, boa, positiva, encerra uma lição sobre a nossa história contemporânea. Há quase 50 anos durante o PREC [Processo Revolucionário Em Curso], um extremo à esquerda julgou que eliminava o CDS politicamente, intelectualmente e até fisicamente enganaram-se redondamente. Há dois anos, um outro extremo, desta vez à direita, pensou que tinha chegado o fim do CDS. Voltaram a precipitar-se e a enganar-se", afirmou.
Portas salientou que o CDS "é um dos partidos resistentes e persistentes e por isso fundadores da democracia portuguesa e haverá sempre eleitores para o defender e militantes para o proteger".
"A oportunidade que nos é dada agora é a de provar bem, com competência no serviço, que o partido é necessário, que o partido contribui para a competência e é útil aos portugueses. Na era dos extremos nada é mais necessário do que convicção com moderação. Na era da demagogia nada é mais útil do que o serviço aos outros com competência", avisou.
Numa curta mensagem vídeo, Paulo Portas elogiou o atual presidente e recandidato ao cargo, Nuno Melo, a quem agradeceu a superação das dificuldades do partido.
Portas deixou ainda vários apelos aos congressistas presentes.
“Continuem à procura de gente com qualidade, com provas dadas, vida profissional, com vida académica e chamem-nos a colaborar como militantes ou simpatizantes ou independentes. Continuem a alargar o nosso espaço, fazendo política com convicção mas respeitando as ideias dos outros. Com doutrina, mas tendo tolerância com ideias diferentes. E alarguem não apenas o recrutamento e o espaço, como contribuam para uma boa governação de Portugal”, defendeu.
Na ótica de Paulo Portas, “o que Portugal mais precisa é de competência e o CDS deve contribuir no âmbito da AD para ser uma das fontes dessa competência de soluções”.
Momentos antes, na tarde de trabalhos que teve início com cerca de 45 minutos de atraso, foi também exibido um vídeo da presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, que saudou os centristas por estarem de volta ao parlamento e ao Governo de Portugal.
Metsola avisou que “falhar na resposta aos medos das pessoas, apenas aumenta a polarização” e pediu para que não se ceda a populismos, “a arte de vender fáceis soluções, o fanatismo de dar falsas esperanças mas não soluções duradouras”.
Nas eleições europeias, alertou, o desafio não são apenas os extremos mas também “a maioria silenciosa que não vota”.
Durante a tarde, o antigo deputado do CDS-PP Nuno Correia da Silva avisou os congressistas que o partido não pode repetir “erros do passado”, apelando que vá “ao combate” como “a direita civilizada” perante uma “esquerda radicalizada”.
“A esquerda quis destruir a família tentando dizer que uma família com um pai e uma mãe com dois ou três ou quatro filhos é igual a uma família com um filho e com três, quatro, cinco ou seis mães. Não, não é a mesma coisa", afirmou.
Também à direita, deixou avisos: “Essa direita, essa direita verdadeira, autêntica dos valores que tem que estar representada e temos que ocupar o espaço que é nosso. Não podemos deixar o espaço livre porque tal como o agricultor que deixa de cultivar a terra, essa terra é tomada pela erva daninha. Também assim é a política”.
(Artigo atualizado às 19h44)
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