O comandante da Polícia Municipal, António Leitão da Silva, explicou à Lusa que são feitas limpezas “em muitos sítios da cidade do Porto que são conotados com o consumo de drogas” diariamente.
Ao longo de dois anos, “já foram retiradas mais de 100 toneladas de resíduos da rua, mas cinco toneladas de um só sítio são muitos resíduos”, frisou.
Para aquele local, conhecido como Viela dos Mortos, está prevista a instalação da primeira sala de consumo vigiado da cidade.
Leitão da Silva esclareceu que “as pessoas que lá estavam já tinham sido alertadas que ia ser feita uma limpeza (…), e foram as próprias pessoas que identificaram os objetos que podiam ir para o lixo, e os seus pertences numa foram, obviamente, objeto da ação”.
O responsável adiantou ainda que estavam ali montadas “duas a três dezenas de tendas” antes da limpeza.
“Quando saímos de lá, não estava lá tenda nenhuma, por isso, nessa perspetiva, é uma operação de desocupação, mas é uma operação de desocupação com propósito de limpeza”, vincou.
Este é “um esforço que é feito diariamente, sete dias por semana, juntamente com a limpeza urbana, em alguns sítios onde existem consumos aditivos”, reiterou.
De acordo com a informação remetida pela Câmara Municipal, até novembro deste ano já foram realizadas 3.758 intervenções, com um total de 111.510 toneladas de resíduos recolhidas.
Em 2020, foram feitas 1.437 ações, que resultaram na recolha de 69.110 toneladas.
“Os resultados, quanto mais não seja em termos de saúde pública, são interessantes, mas preocupantes também, porque já são muitas toneladas de resíduos que retiramos da rua”, afirmou.
Na segunda-feira, a vereadora dos Transportes e Ação Social, Cristina Pimentel, adiantou, em resposta ao vereador eleito pelo BE, Sérgio Aires, que a decisão do júri para a criação da sala de consumo vigiado está para “breve”.
Em 07 de julho, a Câmara do Porto indicava, em resposta à Lusa, que a sala de consumo vigiado iria ficar instalada na Viela do Mortos, na zona de Serralves, devendo abrir portas em setembro.
Ao programa para a criação de Respostas de Consumo Vigiado no Porto poderiam candidatar-se todas as pessoas coletivas privadas sem fins lucrativos, cuja finalidade estatutária incluísse a luta contra a toxicodependência e tivessem intervenção geográfica na cidade do Porto.
Em julho de 2020, a Câmara do Porto aprovou, por maioria, com os votos a favor do grupo Rui Moreira: Porto, o Nosso Partido, do PS, da CDU e a abstenção do PSD, o Programa para Consumo Vigiado que pressupõe, numa primeira fase, como projeto-piloto, a disponibilização de uma unidade amovível, a ser complementado, numa segunda fase por um espaço móvel com um veículo adaptado.
A estrutura amovível do Programa deverá funcionar 10 horas por dia, sete dias por semana.
O programa terá a duração de um ano, a título experimental, a que se seguirá uma segunda fase, com a duração de dois anos, caso a avaliação da fase experimental seja favorável.
A Câmara do Porto assegura um financiamento máximo de 270 mil euros para a execução do programa pelo período de um ano, a título experimental.
O espaço, que se dirige a utilizadores de substâncias psicoativas ilícitas, por via injetada e/ou fumada, contará, contudo, com o apoio da Câmara do Porto no montante global de 650 mil euros.
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