Pedro Pessoa e Costa, que hoje apresentou as suas cartas credenciais ao Presidente angolano, João Lourenço, afirmou que Portugal e Angola são dois países “amigos, com muitos anos de relações”, salientando que as empresas portuguesas fazem “parcerias verdadeiras” com os angolanos.
“São dois países que partilham a mesma língua, a história e, sobretudo, a vontade de trabalhar em conjunto no presente e no futuro”, disse aos jornalistas à saída do encontro com o chefe de Estado angolano.
Questionado sobre o impacto da pandemia nas empresas portuguesas presentes no mercado angolano, adiantou que estas estão a sentir os efeitos de forma negativa e a tentar adaptar.
“É óbvio que está a ter [impacto], quando se fala de quarentena e confinamentos, a chegada de trabalhadores a grandes obras não consideradas prioritárias é algo que é preocupante do ponto de vista empresarial”, reconheceu o diplomata.
No entanto, as empresas “têm dado sinais de que podem continuar à procura de outras formas de negócio durante este tempo de pandemia, esperando que não seja um período demasiado longo”.
Salientando que Angola se preparou para a luta contra a doença de uma maneira “exemplar”, Pedro Pessoa e Costa disse que espera que a pandemia não tenha “demasiados efeitos perversos entre os dois países”, nomeadamente em termos económicos e empresariais.
Deixou, no entanto, uma nota otimista: “Creio que as empresas portuguesas que estão neste mercado continuarão a manter-se neste mercado e a participar na construção do presente e do futuro de Angola, e outras poderão vir e mostrarem-se interessadas pela diversificação da economia e o programa de privatizações que tem sido apresentado”.
Quanto à questão da retoma dos voos regulares entre os dois países, esta não foi abordada no encontro com João Lourenço.
O embaixador lembrou que têm sido realizados voos humanitários, com apoio das autoridades angolanas, para que os portugueses retidos em Angola devido ao encerramento de fronteiras possam regressar a Portugal, mas tudo o resto vai depender da evolução da pandemia.
“À medida que a situação se vai tornando mais clara e mais segura pode ter efeito no regresso dos voos regulares, mas para isso é preciso que o espaço aéreo esteja aberto tanto aqui como em Portugal. Por enquanto temos de ver como a situação epidemiológica se desenrola”, declarou.
Sobre se haverá necessidade de cumprir quarentena é algo que as autoridades angolanas vão ter de decidir e que Portugal irá respeitar, indicou.
Pedro Pessoa e Costa afirmou ainda que a relação de Portugal com Angola toca todos os setores e que irá apoiar todas as áreas, económica, comercial, educação e promoção da língua portuguesa.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 373 mil mortos e infetou mais de 6,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Cerca de 2,6 milhões de doentes foram considerados curados.
Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné-Bissau lidera em número de infeções (1.339 casos e oito mortos), seguida da Guiné Equatorial (1.306 casos e 12 mortos), São Tomé e Príncipe (484 casos e 12 mortos), Cabo Verde (458 casos e cinco mortes), Moçambique (254 casos e dois mortos) e Angola (86 infetados e quatro mortos).
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