A recomendação consta no relatório, hoje divulgado, “Áreas-chave da biodiversidade de água doce na sub-região do noroeste do Mediterrâneo” e tem como um dos enfoques os recursos ribeirinhos transfronteiriços de Portugal e Espanha, como os rios Douro e Tejo.
A organização (IUCN, na sigla em inglês) recomenda que Portugal e Espanha apliquem na íntegra os princípios da Diretiva-Quadro da Água da União Europeia e a Convenção das Nações Unidas para a Utilização dos Cursos de Água Internacionais.
De acordo com o relatório, Portugal tem mais de 30 espécies em áreas consideradas chave em termos de biodiversidade de água doce, e que incluem peixes, plantas, insetos e moluscos, a maioria ameaçados.
Estas áreas, que não são transfronteiriças, estendem-se, nomeadamente, pelos rios Arade, Mira, Sado, Vouga, Alcabrichel, Sizandro e Safarujo.
Uma das espécies, endémica de Portugal, é o ruivaco-do-oeste, que vive nos rios Alcabrichel, Sizandro e Safarujo e a evoluir para o estado de “em perigo” ou “criticamente em perigo”, devido à poluição doméstica e agrícola, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza.
Outra espécie nesta condição é o molusco com o nome científico “Belgrandia alcoaensis”, do rio Alcoa, que nasce no concelho de Alcobaça.
Portugal e Espanha juntos têm mais de 80 espécies ameaçadas de peixes, moluscos, insetos e plantas em “áreas-chave de biodiversidade de água doce”, banhadas pelos rios transfronteiriços do Douro, Tejo, Guadiana e Minho.
“Áreas-chave de biodiversidade de água doce” são, por definição, locais importantes para a manutenção global da biodiversidade de espécies e ecossistemas, neste caso na sub-região do noroeste do Mediterrâneo.
O relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza apresenta ainda resultados para França, Itália e Malta.
A lista das principais ameaças às espécies de água doce na sub-região analisada inclui barragens e captações de água para irrigação e consumo humano, espécies exóticas e poluição doméstica e agrícola.
A União Internacional para a Conservação da Natureza avisa que o aumento da seca no sul da Europa, causado pelas alterações climáticas, levará nos próximos dez anos a uma diminuição da população de uma espécie de libelinha nativa de Portugal, Espanha e França, a “Macromia splendens”.
Portugal faz parte da União Internacional para a Conservação da Natureza através do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, da Associação de Defesa do Património de Mértola, do Fundo para a Proteção dos Animais Selvagens, da Quercus e da Liga para a Proteção da Natureza.
A IUCN integra organizações governamentais e não-governamentais de mais de 170 países em defesa da conservação da natureza.
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