Este anúncio foi feito pela ministra da Defesa Nacional no Forte de São Julião da Barra, em Oeiras, onde decorreu uma reunião ministerial da Iniciativa 5+5 de Defesa, que junta 10 países da costa sul e norte do Mediterrâneo Ocidental, e cuja presidência foi este ano assegurada por Portugal.
Em conferência de imprensa no final da reunião, Helena Carreiras reconheceu que há “um número crescente de desafios” que se colocam aos países desta região, mas salientou que criam também “um número crescente de oportunidades de colaboração”.
Referindo que, quando foi criada, em 2004, a Iniciativa 5+5 se restringia a quatro áreas – a segurança marítima, a defesa área, o apoio à proteção civil e emergências, e a formação -, Helena Carreiras indicou que, na reunião de hoje, os Estados-membros atualizaram a Declaração de Intenções deste fórum para ampliar o seu domínio de atuação.
“Ampliámos o âmbito da própria iniciativa para muitas outras áreas em que trabalhamos já e que vamos trabalhar mais em conjunto, relativamente à ciberdefesa, à questão da segurança económica e humana, às questões que têm a ver com a defesa radiológica, biológica e química, à inteligência artificial, busca e salvamento, desminagem”, enumerou Helena Carreiras.
Questionada sobre a atividade que mais valoriza das cerca de 70 que Portugal organizou este ano no âmbito da sua presidência, a ministra considerou que os exercícios conjuntos realizados pelas Forças Armadas dos diferentes países foram os “mais impactantes”, realçando em particular um relativo às “ameaças cada vez mais híbridas do ciberespaço”.
No entanto, a ministra da Defesa realçou também a importância das discussões sobre o stress hídrico – quando, em determinadas localizações, a água potável é insuficiente para as necessidades – assim como aos efeitos das catástrofes naturais e das alterações climáticas, salientando que, na reunião de hoje, os governantes abordaram a hipótese de, até ao final do século, a temperatura global aquecer não só até dois graus – conforme estipulava o compromisso assinado na COP21, em Paris -, mas antes quatro.
“Isso coloca-nos enormes exigências no plano daquilo que temos de fazer hoje em conjunto para enfrentar esses desafios. Portanto, eu diria que estas são duas áreas que, seguramente, vão marcar as atividades desta iniciativa no futuro”, disse.
Por sua vez, a ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles – que assume a presidência da Iniciativa 5+5 em 2024 -, também destacou a “situação muito complicada e difícil” que se vive atualmente a nível internacional, considerando que a Iniciativa 5+5 é um fórum onde se aborda “com seriedade” e respeito os “desafios em curso”.
“Consideramos que o diálogo é crucial para resolver muitos desafios e esse diálogo parte de uma ideia fundamental: o respeito pelas culturas, pelas religiões, e sempre com uma vontade positiva de cooperar e de continuar a avançar em algo tão importante como a busca da paz”, disse.
Margarita Robles disse que os 10 Estados-membros do Mediterrâneo Ocidental estão conscientes de que há muitos desafios que têm de enfrentar, destacando em particular o combate às alterações climáticas e às pandemias, e comprometeu-se a prosseguir, durante a presidência espanhola, o “trabalho excecional” desenvolvido por Portugal este ano.
Além de Portugal, integram a Iniciativa 5+5 Defesa a Argélia, França, Itália, Líbia, Malta, Mauritânia, Marrocos, Espanha e Tunísia. A sua presidência é anual e rotativa.
Esta iniciativa, criada em 2004, tem como objetivo “procurar responder a preocupações comuns no domínio da segurança e defesa” em domínios como a segurança marítima, a defesa área ou a participação das Forças Armadas em apoio a ações de proteção civil.
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