Aquilo que os portugueses querem da União Europeia não é muito diferente do que quer a maioria dos cidadãos europeus, mas não é exatamente a mesma coisa. Enquanto a maioria elege como terceira prioridade para o Parlamento Europeu a ação contra as alterações climáticas, os portugueses colocam em terceiro lugar na lista o emprego.
Os números são do Eurobarómetro de outono, realizado entre 1 de novembro e 2 de dezembro de 2021 nos 27 Estados-membros da União Europeia, e mostra que os cidadãos acreditam que o Parlamento Europeu deve preocupar-se sobretudo com a saúde pública (42%), com a luta contra a pobreza e a exclusão social (40%) e com a ação contra as alterações climáticas (39%).
Para os portugueses as prioridades vão para a saúde pública (72%), a luta contra a pobreza e a exclusão social (61%) e os apoios à economia e ao emprego (60%).
A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, comentou os resultados do inquérito: "Como corretamente assinalado pelos cidadãos, a defesa da democracia é o valor mais importante, acima de qualquer outro. Não podemos tomar a democracia como garantida; extremismos, autoritarismos e nacionalismos são hoje ameaças ao nosso projeto europeu comum”.
Mas a democracia não é o valor mais importante para Portugal, onde apenas 19% (contra 32% na UE) dos inquiridos identificam a democracia como o principal valor a defender. Os Estados que colocam a defesa da democracia em primeiro lugar são a Suécia, Alemanha, Finlândia, Itália, Dinamarca, Áustria, Luxemburgo, Malta, Polónia, República Checa e Hungria (estes dois últimos acrescentam a proteção dos direitos humanos).
Para os portugueses, a igualdade entre homens e mulheres (32%), a solidariedade entre Estados-membros e regiões (30%) e a dignidade humana (27%) são os valores mais importantes.
Certo é que os europeus mostram um interesse claro em saber mais sobre a UE: 58% dos inquiridos dizem acompanhar o que se passa na política europeia, mas gostariam ter mais informação, nomeadamente sobre a aplicação concreta dos fundos europeus (43%), as consequências reais da legislação europeia nos seus países (30%), as atividades concretas dos eurodeputados do seu país (29%) e as ações levadas a cabo pela UE no combate à pandemia de Covid-19 (29%).
“Os cidadãos querem e merecem mais informação sobre o impacto concreto das políticas e decisões da UE nas suas vidas. As pessoas devem saber onde é gasto o dinheiro” que sai do Orçamento Comunitário, concorda Roberta Metsola.
O Parlamento Europeu tem deixado claro que a atribuição dos Fundos de Recuperação e Resiliência da UE deve basear-se em planos claros e previamente aprovados, sujeitos a controlo e transparência consistentes.
Portugal vai receber quase 17 mil milhões de euros no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, que tem um período de execução até 2026 e pretende implementar um conjunto de reformas e de investimentos destinados a repor o crescimento económico sustentado, após a pandemia, reforçando o objetivo de convergência com a Europa ao longo da próxima década.
O apoio dos cidadãos à UE, e em particular ao Parlamento Europeu, aumentou durante a pandemia. A maioria dos europeus (58%) apoia um papel mais relevante do Parlamento Europeu no futuro — 36% dos inquiridos têm uma perceção positiva do Parlamento, 43% têm uma visão neutra e somente 7% uma imagem negativa.
Os portugueses continuam a ser dos europeus com uma imagem mais positiva do Parlamento Europeu (apenas atrás da Irlanda e da Suécia). Os franceses são os que têm uma pior imagem da instituição. No entanto, os portugueses admitem conhecer menos bem a UE do que a generalidade dos franceses e a média europeia.
As conclusões do Eurobarómetro baseiam-se em 26.510 entrevistas realizadas nos 27 Estados-membros e os resultados são ponderados de acordo com a dimensão da população de cada país.
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