Marcelo Rebelo de Sousa falava num encontro com portugueses e lusodescendentes na Câmara de Saint-Gilles, na região de Bruxelas, último ponto do programa da sua visita de Estado à Bélgica.

"Nós temos problemas a resolver. O primeiro é que o eleitorado português é apenas 10% da comunidade, é curto. Fazem favor de se inscrever, é muito curto. Tivemos dez eleitos da última vez. Para o ano há eleições. É altura de mostrarmos verdadeiramente o nosso peso", declarou.

O chefe de Estado referiu que "em 2018 estavam recenseados 3.611 – ou seja, nove vezes aqueles que estão aqui nesta sala – em toda a Bélgica", e observou: "Não é possível".

"Temos de aumentar o número total de candidatos – 92 candidatos portugueses ou lusodescendentes, aqui na área de Bruxelas 30, na Flandres 24, na Valónia 38. Temos de aumentar o número de eleitos, por Bruxelas, capital, e pela Valónia, temos de eleger candidatos portugueses ou lusodescendentes na Flandres", defendeu.

Dirigindo-se aos presentes na sala, Marcelo Rebelo de Sousa reiterou o apelo para que tenham mais participação política: "É um favor que fazem a Portugal, é um favor que fazem a vós próprios, que é, sendo importantes, não percam a oportunidade de mostrar o vosso contributo através do voto".

"Venho pedir-vos mais. Têm de continuar a ser muito importantes para o nome de Portugal. Cada coisa boa que fizerem é tão importante quanto um golo do Cristiano Ronaldo – lá tenho mais uma tirada que vai ser amplamente comentada", afirmou.

"Os grandes de cada momento passam, as comunidades portuguesas ficam", acrescentou.

A seguir, em resposta a perguntas dos jornalistas, o chefe de Estado relatou que os políticos belgas com quem conversou lhe disseram que "é uma pena" os portugueses não participarem mais e que os autarcas elogiaram os luso-eleitos.

"Sinto que a Bélgica quer isso e sinto que têm peso para isso", declarou.

Num balanço da sua visita de Estado de três dias, a convite dos reis Philippe e Mathilde, o Presidente da República considerou que houve uma "ótima relação a nível de todos os órgãos de poder político" e que foi, "economicamente, muito importante a visita de hoje ao Porto de Zeebrugge".

Neste porto, que integra o grande Porto de Antuérpia-Bruges, na sequência de uma fusão em 2022, Marcelo Rebelo de Sousa procurou perceber "os pontos em que há limites à cooperação" com Portugal e em que medida os dois países podem "cooperar no futuro" no setor portuário.

A este propósito, realçou a importância do acordo sobre interconexões entre Portugal, Espanha e França, alcançado "por grande insistência e, há que dizer, grande mérito do Governo português e do primeiro-ministro português".

Segundo o Observatório da Emigração, em 2022 residiam na Bélgica cerca de 50 mil pessoas com nacionalidade portuguesa.

Acompanharam o chefe de Estado nesta deslocação o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, e deputados dos seis partidos com grupos parlamentares: Marta Temido, do PS, Gabriela Fonseca, do PSD, Rui Paulo Sousa, do Chega, Joana Cordeiro, da Iniciativa Liberal, Alfredo Maia, do PCP, e Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do Bloco de Esquerda.

Jorge Sampaio tinha sido o último Presidente português a realizar uma visita de Estado à Bélgica, também de três dias, em outubro de 2005. Cavaco Silva esteve duas vezes na Bélgica, em setembro de 2007 e junho de 2013, mas em visitas às instituições europeias.