“Em causa está a deteção na areia da presença de microrganismos que poderão colocar em causa a saúde pública”, apontou o Governo Regional dos Açores, numa nota no Gabinete de Apoio à Comunicação Social.
A Câmara Municipal de Angra do Heroísmo solicitou análises ao Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, depois de a associação ambiental Azulinvade ter divulgado, no início da semana passada, análises feitas pela mesma entidade a amostras de areia recolhidas pela associação, que indicavam a presença de bactérias coliformes, da bactéria Escherichia Coli e de enterecocos intestinais acima dos valores recomendados.
Na altura, tanto a autarquia, como a direção regional de Saúde, justificaram o novo pedido de análises, com amostras recolhidas por técnicos do Instituto Ricardo Jorge, com o facto de as divulgadas pela associação ambiental não serem “certificadas”, uma vez que não tinha sido seguido “o protocolo estabelecido, nem quanto à recolha, nem quanto ao local de recolha, nem quanto ao manuseamento”.
A zona balnear manteve-se sempre aberta ao público.
As novas amostras foram recolhidas na passada quinta-feira, em 10 zonas da praia e os resultados preliminares “indicam a presença de contaminação bacteriológica no areal”.
Face a estes resultados, e após uma reunião com o município, as direções regionais da Saúde e dos Assuntos do Mar dos Açores e a Autoridade Marítima Nacional, a delegação de Saúde de Angra do Heroísmo decidiu hoje “preventivamente interditar a utilização das areias da Prainha”.
Segundo o presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, Álamo Meneses, foram pedidas novas análises para tentar identificar se a contaminação é de origem humana ou animal.
“Não temos grandes certezas sobre o que seja e é um bocadinho prematuro, porque ainda não temos os resultados plenos das análises. Sobre esta matéria é melhor esperarmos. Nós só vamos receber os primeiros resultados oficiais das análises na próxima segunda-feira e demorará ainda alguns dias após isso para recebermos os resultados de uma outra análise que se mandou fazer, que é uma identificação da potencial origem da estirpe que lá está presente”, avançou, em declarações à Lusa.
O autarca sublinhou, no entanto, que foram feitas novas análises à água, que voltou a apresentar “qualidade excelente”, pelo que há indicação de que a contaminação tenha outra origem.
“A poluição aparentemente vem do lado da terra. São as zonas mais próximas da parte de trás da praia que têm problemas”, salientou.
Também o executivo açoriano realçou que os resultados da qualidade da água apontam para que “o foco de contaminação tenha origem em terra e não no mar”.
“A água balnear continua a cumprir com os limites aplicáveis para a qualidade de água excelente, nos termos da legislação aplicável. Estes resultados têm sido consecutivamente confirmados desde o início da presente época balnear”, sustentou.
O Governo Regional sublinhou ainda que até, ao momento, não foi registado “qualquer caso de problemas de saúde conexos com a prática balnear na Prainha nos serviços de saúde do concelho de Angra do Heroísmo”.
Segundo Álamo Meneses, não será fácil identificar o foco da origem, uma vez que não são obrigatórias análises à areia e não existe histórico de resultados.
“Não há normas sobre a qualidade das areias, devidamente consensualizadas e legalmente aprovadas, há apenas um conjunto de indicações, não um conhecimento tão aprofundado da microbiologia das areias dos Açores quanto isso, que nos permite ter elementos de comparação. Aquilo que se vai fazer é a mesma coisa que se fez há relativamente pouco tempo num areal no Faial, na Praia de Porto Pim”, adiantou, referindo-se a outra praia que esteve também recentemente interdita por contaminação da areia nos Açores.
Para além da recolha de novas amostras, será feita uma “operação de limpeza e desinfeção” do areal.
O autarca não tem ainda previsão de quando será reaberta a Prainha, mas a época balnear em Angra do Heroísmo encerra a 15 de setembro.
Desde julho de 2018 que a associação ambiental Azulinvade denuncia nas redes sociais e junto das autoridades competentes a existência de descargas de esgotos sem tratamento para o mar em Angra do Heroísmo, numa zona a cerca de um quilómetro da Prainha.
O município já admitiu que efetua descargas de emergência quando a chuva é mais intensa, porque a estação elevatória existente no centro da cidade tem uma capacidade reduzida, ressalvando que as análises feitas ao longo dos últimos 12 anos comprovam que as descargas não afetam a qualidade da água na zona balnear.
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