Narges Mohammadi, foi laureada com o Nobel da Paz pela sua luta contra a opressão da mulheres no Irão. A ativista foi presa pelo regime 13 vezes, tendo sido condenada por cinco ocasiões e sentenciada a um total de 31 anos de prisão e 154 chicotadas. Mohammadi ainda está na prisão.
Em setembro de 2022, uma jovem curda, Mahsa Amini, foi morta quando se encontrava sob custódia da polícia da moralidade iraniana. O seu assassinato desencadeou as maiores manifestações políticas contra o regime teocrático do Irão, desde que este chegou ao poder em 1979. Sob o lema "Mulher - Vida - Liberdade", centenas de milhares de iranianos participaram em protestos pacíficos contra a brutalidade e a opressão das mulheres por parte das autoridades. O regime reprimiu duramente os protestos: mais de 500 manifestantes foram mortos. Milhares de pessoas ficaram feridas, incluindo muitas que ficaram cegas devido às balas de borracha disparadas pela polícia. Pelo menos 20 000 pessoas foram detidas e mantidas sob custódia.
Nos anos 90, quando era uma jovem estudante de física, Narges Mohammadi já se distinguia como defensora da igualdade e dos direitos das mulheres. Depois de concluir os seus estudos, trabalhou como engenheira e colunista em vários jornais reformistas. Em 2003, envolveu-se com o Centro de Defensores dos Direitos Humanos em Teerão, uma organização fundada por Shirin Ebadi, ex-advogada iraniana que recebeu o Prémio Nobel da Paz em 2003. Em 2011, Mohammadi foi detida pela primeira vez e condenada a vários anos de prisão pelos seus esforços para ajudar os ativistas encarcerados e as suas famílias.
Dois anos mais tarde, após a sua libertação sob fiança, Mohammadi dedicou-se a uma campanha contra a aplicação da pena de morte. Há muito que o Irão se encontra entre os países que executam anualmente a maior percentagem dos seus habitantes. Só desde janeiro de 2022, mais de 860 prisioneiros foram punidos com a morte no Irão.
O ativismo contra a pena de morte levou a nova detenção de Mohammadi, em 2015, e a uma sentença de mais anos atrás das grades. Quando regressou à prisão, começou a opor-se ao recurso sistemático do regime à tortura e à violência sexual contra os presos políticos, especialmente a mulheres, que é praticada nas prisões iranianas.
A vaga de protestos do ano passado tornou-se conhecida dos presos políticos detidos na célebre prisão de Evin, em Teerão. Mais uma vez, Mohammadi assumiu a liderança. Da prisão, manifestou o seu apoio aos manifestantes e organizou acções de solidariedade entre os seus companheiros de prisão. As autoridades prisionais responderam, impondo condições ainda mais rigorosas.
Mohammadi foi proibida de receber telefonemas e visitas. Conseguiu, no entanto, fazer passar clandestinamente um artigo que o New York Times publicou no dia do aniversário de um ano da morte de Mahsa Amini.
A mensagem era a seguinte: "Quantos mais de nós forem presos, mais fortes nos tornamos." A partir do cativeiro, Narges Mohammadi tem ajudado a garantir que os protestos não esmoreçam.
Prémios Nobel já anunciados:
- Medicina: Atribuído a Katalin Karicó e Drew Weissman por descoberta associada às vacinas de mRNA
- Física: Atribuído a Pierre Agostini, Ferenc Krausz e Anne L’Huillier por usarem laser para estudar eletrões
- Química: Atribuído a três investigadores por "descoberta e síntese de pontos quânticos"
- Literatura: Atribuído a Jon Fosse pela "sua inovação em peças e prosas e por dar voz aos indizíveis"
(notícia corrigida às 15h11)
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