Os membros do júri consideraram que Tolentino de Mendonça é “uma das vozes fundamentais da poesia contemporânea portuguesa e europeia”, que, além das suas funções eclesiásticas, se tem destacado “no ensino universitário, no ensaio de reflexão teológica e filosófica e na poesia”.
“José Tolentino de Mendonça projeta uma visão do mundo norteada por uma espiritualidade que pretende acolher, compreender e transcender as dilacerações, conflitos e sofrimentos da humanidade”, em todos os domínios da sua “notável e diversificada atividade intelectual”, afirmou o presidente do júri.
Francisco Pinto Balsemão assinalou ainda que Tolentino de Mendonça “protagoniza uma conceção integradora, unificadora e universal da força espiritual da literatura, que lhe serve de guia desde sempre”, que lhe abriu portas à introdução da poesia de Fernando Pessoa e de outros escritores nos Exercícios Espirituais do Retiro de Quaresma do Papa e da Cúria Romana, em fevereiro de 2023.
Na sua vida, “José Tolentino de Mendonça tem-se mantido fiel ao lema contido no título do seu mais recente livro. Tem sido um humilde e generoso ‘Peregrino da Esperança’”, acrescentou.
José Tolentino de Mendonça nasceu na ilha da Madeira, em 1965, tendo vivido os seus primeiros anos em Angola. Deixou África aos 9 anos de idade, na altura da independência das antigas colónias portuguesas.
É licenciado em Teologia pela Universidade Católica Portuguesa (1989) e doutorado em Teologia Bíblica pela mesma instituição (2004).
Depois de uma longa atividade pastoral e eclesiástica, durante a qual ocupou altos cargos no Vaticano, foi nomeado pelo Papa Francisco Prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação.
Iniciou a sua carreira literária em 1990, com a publicação de “Os dias contados”, no mesmo ano em que foi ordenado padre na Diocese do Funchal.
José Tolentino Mendonça é o segundo cardeal a receber este prémio, depois de D. Manuel Clemente, Cardeal Patriarca Emérito de Lisboa, em 2009.
O Prémio Pessoa é uma iniciativa do semanário Expresso e da Caixa Geral de Depósitos, no valor de 60 mil euros, que “visa reconhecer a atividade de pessoas portuguesas com papel significativo na vida cultural e científica do país”.
O júri foi composto por Ana Pinho, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Emílio Rui Vilar, José Luís Porfírio, Maria Manuel Mota, Pedro Norton, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho-Marques, com Francisco Pinto Balsemão a presidir e Paulo Macedo como vice-presidente.
O vencedor da edição do ano passado foi o poeta João Luís Barreto Guimarães.
*Com Lusa
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