De acordo com um comunicado do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO), do Porto, embora o mosquito ‘Aedes aegypti' não seja um hospedeiro natural desta bactéria (encontrada em diversos organismos, entre os quais insetos), estudos anteriores demonstraram que, em condições controladas, a sua presença reduzia a transmissão do vírus.

As conclusões deste projeto, no entanto, desafiam os resultados anteriores, ao indicarem que os mosquitos infetados pela ‘Wolbachia' têm maior potencial de transmitir a dengue, indica a nota informativa.

Este é o principal resultado de um estudo, liderado pela investigadora do CIBIO-InBIO Gabriela Gomes, que visava verificar a forma como a ‘Wolbachia' afeta o vírus da dengue no mosquito ‘Aedes aegypti' e de que modo esta variação poderia interferir nos modelos preditivos de transmissão da doença.

Segundo o CIBIO-InBIO, os modelos matemáticos de transmissão de doenças baseiam-se, normalmente, em valores médios populacionais da suscetibilidade dos indivíduos ao agente infeccioso.

Neste estudo, publicado hoje na revista científica Nature, a equipa demonstrou que considerar apenas os valores médios compromete a capacidade preditiva de resposta a intervenções.

Além disso, os investigadores afirmam que as previsões variam consoante o ambiente, o que impede o recurso a abordagens simples.

Os resultados desta investigação mostram, assim, que não existe um modelo matemático simples para prever o impacto da bactéria ‘Wolbachia' na capacidade dos mosquitos transmitirem a doença da dengue aos humanos.

Para a investigadora Gabriela Gomes, líder do projeto, sendo o ambiente variável, "é premente" catalogar os agentes infecciosos dos mosquitos sob várias condições ambientais.

Além da dengue, o mosquito do género ‘Aedes', originário das regiões tropicais e subtropicais, é responsável pela transmissão de diferentes patologias ao ser humano.

A dengue é uma doença infecciosa cujos sintomas incluem febre, dores e erupções cutâneas. Em alguns casos, pode evoluir para um quadro de febre hemorrágica, com risco de morte.

"Mais do que medir os efeitos da ‘Wolbachia' na transmissão de uma doença humana", este artigo "pode ser visto como uma mudança de paradigma em biologia quantitativa", acrescentou a investigadora.

Para o desenvolvimento deste projeto, a equipa recorreu a modelos matemáticos e a dados de estudos anteriores, realizados em regiões onde existe uma maior incidência de dengue.

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