“Sabemos das grandes dificuldades dos trabalhadores da Groundforce, mas este tipo de situações [vividas no passado fim de semana] não se pode repetir sob pena de, neste contexto de fragilidade, levar para as mesmas dificuldades muitas empresas que precisam da operação deste verão para sobreviverem”, referiu Thierry Ligonnière.
Ouvido na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença covid-19 e do processo de recuperação económica e social, o presidente executivo (CEO) da ANA – Aeroportos de Portugal afirmou ainda, em resposta a uma questão da deputada do PCP Alma Rivera, que a decisão de revogação da licença de ocupação da Groundforce não está a favorecer a Portway – empresa que pertence ao universo da ANA e que também presta serviço de assistência em terra ('handling').
Como a Lusa noticiou na segunda-feira, a Groundforce acumula, desde março de 2020, uma dívida de 13 milhões de euros à ANA – Aeroportos de Portugal em taxas de ocupação em todos os aeroportos da rede nacional, segundo fonte oficial da gestora aeroportuária.
“A Groundforce ocupa espaços de domínio público aeroportuário pelos quais são devidas taxas conforme legislação em vigor”, explicou a mesma fonte, recordando que “a ocupação destes espaços está sujeita a licença”.
“Devido ao não pagamento desde março de 2020, e após esgotadas todas as vias para recebimento dos valores em dívida em todos aeroportos da rede ANA, superiores a 13 milhões de euros, a ANA vê-se obrigada a tomar medidas legalmente previstas, com vista à regularização da situação”, indicou então a mesma fonte.
Salientando que a Groundforce não paga as referidas taxas desde março de 2020, enquanto a Portway as tem em dia, o gestor recusou que a decisão vise favorecer a subsidiária do grupo Vinci (que tem a concessão da ANA), dizendo mesmo que ao não ter tomado antes esta decisão, tem prejudicado a Portway.
“Atrasamos muito essa tomada de decisão, mas não podemos atrasar mais, porque as questões das dificuldades financeiras da Groundforce estão a transformar-se também em dificuldades operacionais e não podemos deixar que os passageiros, as companhias aéreas, sejam reféns destas dificuldades que a Groundforce está a atravessar”, referiu Therry Ligonnière.
Ainda sobre a greve dos trabalhadores da Groundforce, reiterou que não se pode “permitir que se repitam os enormes constrangimentos nos aeroportos” e particularmente os vividos pelos passageiros e respetivas famílias.
Os trabalhadores da Groundforce têm nova greve marcada para os dias 31 de julho, 01 e 02 de agosto.
Além desta greve, desde o dia 15 de julho que os trabalhadores da Groundforce estão também a cumprir uma greve às horas extraordinárias, que se prolonga até às 24:00 do dia 31 de outubro de 2021.
A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal e em 49,9% pelo grupo TAP, que, em 2020, passou a ser detido em 72,5% pelo Estado português.
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