Os confrontos entre o exército da região e civis ocorreram na localidade de Las Anod, reivindicada tanto pela Somalilândia como pela região autónoma de Puntland, leal a Mogadíscio.
“O conflito em Las Anod é uma questão política, e as armas nunca podem resolver os problemas políticos entre os dois lados”, disse Mohamud num vídeo publicado na página da rede social Facebook do governo federal da Somália.
“Vamos sentar-nos juntos e falar para salvar a vida do nosso povo. O governo federal está pronto para apoiar a paz e todos aqueles que queiram participar nas negociações para pôr fim a este conflito”, acrescentou.
O Presidente somali exortou políticos, líderes tradicionais, académicos e comerciantes da região a trabalharem juntos para terminar com os confrontos.
Num comunicado também emitido hoje, o Estado de Puntland condenou as ações do exército da Somalilândia, que acusou de visar indiscriminadamente civis, depois de as autoridades da autoproclamada república terem chamado “terroristas” aos líderes tradicionais e a outros civis.
As autoridades de Puntland asseguram que as suas forças de segurança não estiveram envolvidas nos incidentes de Las Anod.
De acordo com as autoridades locais, o exército da Somalilândia lançou na manhã de segunda-feira um ataque ao quartel-general de um comité de 33 pessoas nomeado pelos líderes tradicionais para discutir o futuro da região do Sool, o que desencadeou uma luta com civis que tomaram armas para se defenderem.
A maioria dos ataques “atingiram bairros civis densamente povoados”, bem como o principal hospital em Las Anod, disse à agência espanhola Efe um residente local, Sulieman Mohamed.
O Ministério da Informação da Somalilândia deu uma versão diferente dos acontecimentos, referindo que as suas bases militares e sedes do ministério em Las Anod “foram alvo de fogo intenso de terroristas armados mobilizados pelos anarquistas líderes tradicionais da cidade”.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, apelou hoje às autoridades somalis para promoverem uma investigação independente sobre os confrontos e disse que “pelo menos 20 pessoas” morreram no local, embora as autoridades locais tenham indicado que o número de mortos era de pelo menos 35.
A Somalilândia, que foi um protetorado britânico até 1960, não é reconhecida internacionalmente, embora tenha a sua própria constituição, moeda e governo.
A região declarou a sua separação da Somália, uma antiga colónia italiana, em 1991, ano em que o ditador Mohamed Siad Barré foi derrubado.
A queda de Barré iniciou uma fase de conflito sem um governo eficaz na Somália que se estende até aos dias de hoje.
Nas últimas décadas, a Somália e a Somalilândia desenvolveram, sem sucesso, várias tentativas de diálogo sobre a independência da região.
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