“Quero dar os meus parabéns a todas as equipas envolvidas neste processo, pelo sucesso obtido, e desejar que esta importante classificação possa contribuir para o aprofundamento do estudo da morna, sua maior divulgação internacional, maior aprendizagem pelos mais jovens, e o desenvolvimento de todos os requisitos que resultam deste novo estatuto, para o bem da nossa música, da nossa cultura, e desta terra sonora que é Cabo Verde”, escreveu Jorge Carlos Fonseca.
O texto foi publicado na sua página da rede social Facebook, minutos depois de o género musical ser classificado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), na 14.ª reunião anual do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da organização, que decorre desde segunda-feira no Centro de Congressos Agora, em Bogotá, Colômbia.
Para o chefe de Estado cabo-verdiano, a classificação vem coroar não apenas quem apresentou a candidatura, mas também aqueles que deram continuidade e este “desígnio nacional”, bem como aos milhares de músicos, compositores, intérpretes, cantadeiras, amantes e apaixonados por este estilo musical, nas ilhas, na diáspora ou mesmo nos diversos cantos do mundo.
“É com grande júbilo que recebemos a notícia de que a morna é, a partir de agora, oficialmente, Património Imaterial da Humanidade, classificada pela UNESCO, ao lado de diversas outras expressões artísticas e culturais”, notou.
Jorge Carlos Fonseca traçou o percurso histórico da morna, desde a sua criação, considerando que é um “reconhecimento oficial”, pela UNESCO, do humanismo que esta forma particular de expressão identitária encerra.
O Presidente disse que a proclamação é também um “grande júbilo para todo o povo cabo-verdiano, nas ilhas, mas sobretudo na diáspora, lá onde a morna é sentida de forma muito própria, onde se assume como espaço imanente desse sentimento intrinsecamente da terra crioula”.
Considerada popularmente “música rainha” de Cabo Verde, como recorda “Nôs morna”, uma das mais conhecidas mornas, do poeta Manuel d’Novas, o dossiê da sua candidatura a Património Imaterial Cultural da UNESCO, com mais de 1.000 páginas e cerca de 300 entrevistas, foi formalmente entregue pelo Governo cabo-verdiano em 26 de março de 2018.
De acordo com o processo da candidatura, a morna terá surgido no século XIX, não sendo consensual a origem do nome e ilha onde nasceu: Boa Vista ou Brava.
O dossiê cabo-verdiano contou com o apoio técnico de Portugal e com a colaboração do antropólogo Paulo Lima, especialista português na elaboração de processos de candidatura a Património Imaterial da Humanidade da UNESCO, como o fado, o cante alentejano e a arte chocalheira.
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