José Manuel Mendonça falava à Lusa, em Lisboa, no final do encontro "Mais ciência, melhor sociedade".
Segundo o presidente do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC-TEC), não basta ter mais cientistas e investir mais na ciência, é preciso que esse investimento tenha "retorno efetivo", com uma "investigação com melhor qualidade e maior impacto" na sociedade e na economia.
Para José Manuel Mendonça, a investigação científica tem de estar "alinhada" com a sua "relevância social" e o seu "impacto económico".
Para esta 'equação' ser bem-sucedida, o presidente do INESC-TEC defende "um pacto" entre Governo, instituições científicas, empresas e investigadores e que "cada um cumpra a sua parte".
Todos, sustentou, têm de ser corresponsáveis.
O Governo, enumerou, tem de assegurar "políticas e agendas públicas" científicas e "financiamento sustentável", que "não dependa de fundos e de ciclos políticos".
As empresas, por sua vez, devem "cofinanciar a investigação se se apropriam dessa investigação" e "contratar investigadores", enquadrando-os nas suas "apostas estratégicas e de negócio".
De acordo com José Manuel Mendonça, os cientistas devem "fazer investigação de excelência", ter "capacidade de angariar financiamento" para os seus projetos e "visão de futuro" para as instituições onde trabalham e para o país.
As instituições científicas deverão, por seu turno, "cofinanciar a investigação aplicada", assim como "criar condições" para o ingresso de investigadores na carreira.
Devem também ter uma "organização interna" que alivie os cientistas dos "pesos burocráticos", como a formalização de candidaturas a apoios financeiros, tarefa que, na opinião de José Manuel Mendonça, deveria ser entregue a gestores.
No encerramento do encontro "Mais ciência, melhor sociedade", o vice-presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, João Sàágua, pediu mais "estabilidade e previsibilidade" nos concursos para a contratação de investigadores.
"A previsibilidade é fundamental para permitir aos reitores organizarem estrategicamente a instituição", sublinhou, defendendo a "flexibilização da investigação" nas universidades, para que professores possam regressar à carreira docente depois de terem estado durante um determinado período a fazer investigação científica.
O presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Pedro Dominguinhos, advogou que as instituições de ensino superior devem ser corresponsáveis pela "democratização do acesso à ciência".
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