Num curto artigo no Público, intitulado “Se não formos capazes, falhámos como país”, um ano depois dos incêndios em Pedrógão Grande, que fizeram 66 mortos, Marcelo Rebelo de Sousa alerta que minorar as desigualdades é “uma oportunidade histórica” e há um prazo para o fazer.
“Até ao fim da próxima legislatura se perceberá se somos ou não capazes de corrigir as assimetrias existentes, de ultrapassar as desigualdades que teimam em permanecer. É, pois, um desafio que começa na ponta final desta legislatura e que se prolonga para a próxima”, lê-se no texto.
O risco de falhar, alertou, tem consequências graves.
“Se formos capazes de fazer reviver até 2023 o que importa que reviva, Portugal será diferente. Se não formos capazes, perdemos uma oportunidade histórica e condenamos alguns ‘Portugáis’ a serem muito ignorados, muito esquecidos, muito menosprezados e isso significa que falhámos como país”, escreveu no artigo no Público.
E repete a ideia, em declarações ao semanário Expresso: “Temos até 2023 para conseguir alterar esta realidade do desequilíbrio entre os vários ‘Portugais’. Só se enfrenta esta questão se houver um reequilíbrio económico e social, que permita ultrapassar as desigualdades enormes que existem.”
Tanto ao Público como ao Expresso, o Presidente recorda o que se passou há um ano, com os incêndios de Pedrógão Grande, distrito de Leiria, que depois alastraram aos concelhos vizinhos, admitindo que muitos portugueses só “abriram os olhos” para realidade do interior depois dos incêndios do Verão passado.
“Olhando para o passado, importa retirar as lições desse passado no que falhou. Falhou por razões estruturais, falhou por razões conjunturais, falhou por motivos que se prendem com sistemas, orgânicas, políticas. Falhou também, eventualmente, no que diz respeito à intervenção dos seres humanos, concretos”, escreveu ainda no Público.
O incêndio que deflagrou há um ano em Pedrógão Grande (distrito de Leiria), em 17 de junho, e alastrou a concelhos vizinhos provocou 66 mortos e cerca de 250 feridos.
As chamas, extintas uma semana depois, destruíram meio milhar de casas, 261 das quais habitações permanentes, e 50 empresas.
Em outubro, os incêndios rurais que atingiram a região Centro fizeram 50 mortes, a que se somam outras cinco registadas noutros fogos, elevando para 121 o número total de mortos em 2017.
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