"José Saramago conseguiu assegurar a intermitência da morte, que é a vida dele que devemos sempre continuar a encontrar na leitura de cada uma das páginas que ele legou e que legou à humanidade. A humanidade reconheceu com o seu Prémio Nobel, mas que poderia seguramente voltar a merecer um segundo Prémio Nobel por aquilo tudo que escreveu, depois de ter recebido o primeiro", assegurou António Costa.
O primeiro-ministro lembrou que a "maratona" que tem feito – visita a Lanzarote, Azinhaga do Ribatejo e Lisboa – procura acompanhar "aquilo que foram os locais marcantes da vida de José Saramago e que de alguma forma formataram a sua própria obra".
"Ontem em Lanzarote pudemos sinalizar o universalismo que foi reconhecido para a atribuição do Prémio Nobel. Hoje, aqui na Azinhaga, estamos ao regresso das suas origens na qual se formou como menino, como homem, mas onde seguramente germinaram muitas das ideias que o formaram como cidadão, como político e como escritor", acrescentou.
Segundo António Costa, esta é uma forma de "homenagear Saramago após os 20 anos do seu Prémio Nobel e prestar também uma homenagem a todas as terras, a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para o formar como homem, como político, como escritor".
António Costa sublinhou que era inevitável a passagem pela Azinhaga, "onde tudo começou".
O primeiro-ministro lembrou que "um dos momentos mais solenes da vida dele [Saramago], foi quando discursou perante a academia que lhe atribuiu o Prémio Nobel ao começar logo por recordar que a pessoa com quem mais aprendeu tinha sido o seu avô Jerónimo".
"Ele [José Saramago] disse que aqui encontrava o outro eu que algures ficou encalhado, mas precisava de regressar aqui à azinhaga para acabar de nascer. Temos uma ideia de que vamos nascendo todos os dias ao longo da vida e, ao longo da vida, vamos adquirindo novos eus", afirmou o chefe do Governo.
António Costa constatou que José Saramago "não precisou de desdobrar os seus eus em heterónimos, como outros tiveram de fazer, e pode condensar na sua obra e sob o seu nome José Saramago toda esta formação".
"Foi aqui [Azinhaga] que construiu a visão do mundo, seguramente a experiência que aqui teve, dos seus avós, dos trabalhadores rurais, da realidade social da Azinhaga que foi determinante na sua formação ideológica, na sua formação como cidadão e na sua afirmação como homem do mundo", acrescentou.
O primeiro-ministro sublinhou que Saramago "nunca separou aquilo que era ser o escritor daquilo que era ser o homem que tinha diversas dimensões e que sempre as manifestou".
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