O News Group Newspapers (NGN) pediu desculpas a Harry "pela escuta telefónica, vigilância e uso indevido de informações privadas por jornalistas e investigadores particulares" instruídos pelo grupo, disse o advogado do príncipe numa declaração no Tribunal Superior de Londres, acrescentando que este irá receber uma "indemnização substancial".

O julgamento das acusações do príncipe deveria começar na terça-feira, mas o primeiro dia foi suspenso depois de um advogado do magnata australiano dizer que Harry estava "muito perto" de chegar a um acordo financeiro com a editora.

Mudança para a Califórnia

A medida, aplicada em centenas de outros casos, evita um julgamento de semanas contra o NGN, proprietário do extinto News of the World e do The Sun, que o príncipe acusa de invadir ilegalmente a sua privacidade entre 1996 e 2011.

Harry, 40 anos, mudou-se com a família para Califórnia há cinco anos e disse na altura que um dos motivos era fugir do assédio da comunicação social.

A imprensa britânica foi abalada no final dos anos 2000 pela revelação de vários escândalos de escutas ilegais.

O grupo de Rupert Murdoch pediu desculpas pelas práticas ilegais no News of the World, que fechou a impressão em 2011, mas negou qualquer ação semelhante no The Sun e também qualquer tentativa de encobrir o escândalo.

Mais de 1.000 denuncias

Desde então, cerca de 1.300 denunciantes chegaram a acordos extrajudiciais com o grupo. Segundo a imprensa britânica, o NGN pagou aproximadamente mil milhões de libras e conseguiu evitar todos os processos até agora.

O irmão mais velho de Harry e herdeiro do trono, o príncipe William, está entre os que optaram por estes acordos nos últimos anos, assim como o ator Hugh Grant.

Além dos diversos processos que moveu nos últimos anos contra esses meios de comunicação por obterem informações de forma ilegal, o príncipe acusa-os ainda do tratamento errado à mulher Meghan Markle, o que contribuiu para a ida do casal para os Estados Unidos em 2020.

Também responsabiliza os jornais pela morte da mãe, a princesa Diana, num acidente de carro em Paris em 1997, perseguida por paparazzis.

O príncipe Harry já tinha conquistado uma grande vitória contra a imprensa sensacionalista em 2023 ao garantir a condenação do editor do Daily Mirror por reportagens baseadas numa escuta.

Quando depôs em 2023 contra o Mirror Group Newspapers (MGN), editor do Daily Mirror, tornou-se o primeiro membro da família real a prestar depoimento num julgamento em mais de cem anos.