Em entrevista divulgada pelo portal de notícias UOL, o procurador Ivan Cláudio Marx, que dirige a investigação deste caso na Procuradoria do Distrito Federal, afirmou que não recebeu provas que sustentem as alegações.
"A história é incomprovável [não pode ser comprovada]. Pedimos documentos para comprovar, e não veio nada", disse.
A existência deste suborno pago pela JBS em troca de empréstimos concedidos à empresa pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES), instituição pública que financia investimentos de empfreas brasileiras, foi revelada em maio pelo empresário Joesley Batista, um dos acionistas maioritários da JBS.
Num depoimento prestado à Justiça após firmar um acordo de colaboração, o empresário alegou que mantinha duas contas no exterior - cada uma com 150 milhões de dólares - de dinheiro desviado dos empréstimos do BNDES para favorecer as campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores (PT).
Uma das contas dizia respeito aos acertos feitos pela JBS no Governo de Lula da Silva e a outra aos negócios firmados durante a gestão de Dilma Rousseff.
Ivan Cláudio Marx frisou, porém, que a versão contada pelo dono da JBS tem pelo menos três lacunas.
A primeira diz respeito à ligação entre as contas e os ex-presidentes, já que elas estavam em nome do próprio Joesley Batista e era ele quem movimentava os valores.
O segundo ponto seria a falta de evidências de que os políticos citados sabiam da existência do dinheiro, visto que Joesley Batista disse primeiro que o ex-ministro das Finanças Guido Mantega lhe havia confirmado que eles sabiam do caso, mas depois alegou que ele mesmo falou sobre o assunto com Lula da Silva e Dilma Rousseff.
A terceira lacuna seria o facto do dinheiro que saía do Brasil para as contas no exterior não ter voltado ao país quando a JBS fez doações às campanhas eleitorais do PT.
"O dinheiro saía do Brasil e ia para essas contas no exterior, mas não voltava ao país para fazer as doações. Segundo ele mesmo [Joesley Batista], o dinheiro das doações não saía dessa conta", disse o procurador ao UOL.
As denúncias do dono da JBS revelaram um grande escândalo de corrupção no Brasil, que além de envolver Lula da Silva e Dilma Rousseff também complicaram o Governo do atual chefe de Estado, Michel Temer.
Ao confessar supostos desvios cometidos nos governos do PT, o empresário também afirmou que estava subornando Michel Temer em troca de favores junto de órgãos públicos.
Os factos revelados por Joesley Batista sustentaram a primeira denúncia de corrupção passiva feita pela Procuradoria-geral da República contra o Presidente brasileiro, que foi suspensa por determinação da câmara baixa do país em votação realizada no passado dia 2.
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