“A crise [da manteiga em França] depende do ponto de vista em que a estamos a ver: se formos analisar quem compra, obviamente, que não gosta de pagar mais por um produto, de quem vende não há crise, está a vender um produto mais caro e, como tal, está a ser melhor remunerado […], não nos interessa também ter um grande pico para depois ter uma grande quebra, interessa-nos ter um mercado relativamente estabilizado”, disse à Lusa Fernando Cardoso.
Em 2017, no mercado europeu, o preço da tonelada de manteiga fixou-se em 7.000 euros, face aos 2.500 euros alcançados em 2016.
Para Fernando Cardoso, Portugal é, por natureza, um exportador de manteiga, por isso, no que se refere à exportação desta matéria o aumento verificou-se no valor do não na quantidade.
“Presumo que não tenha havido um grande aumento [da quantidade], também porque nós estamos, de alguma forma, condicionados pela produção e no mercado do leite também houve alguma contenção durante 2016, como tal a produção de manteiga também não teria tido condições para um grande aumento, aumentou assim o valor”, sublinhou.
Apesar de garantir que o aumento do preço da manteiga é uma consequência benéfica para os produtores, o secretário-geral da Fenelac refere que esta subida está a associada ao risco de retração do mercado.
“Se formos ao mercado de retalho vemos que estas prestações não se reproduziram, o preço a que cada um de nós compra a manteiga no supermercado não se reproduziu, na medida em que estamos a falar de contratos de maior duração, a replicação de mudanças de preço na origem, na produção, demora mais tempo a chegar ao mercado e, portanto, não seria positivo, ao nível do consumidor final, se houvesse um grande aumento, isso também prejudicaria o consumo total”, acrescentou.
O porta-voz dos produtores nacionais considerou que os valores registados nesse período corresponderam a um pico e acrescentou que entretanto já houve uma descida, “não muito significativa”, do preço, fixando-se entre os cinco e meio e os seis euros, por quilo de manteiga [5.500 a 6.000 euros a tonelada].
“No início de 2016, grande parte dos países europeus contraíram a sua produção de leite, na medida em que, na altura, havia excesso de oferta, portanto, tínhamos menos leite, menos gordura e menos manteiga”, vincou.
O representante da Fenelac disse ainda que, de uma forma paralela, do lado da procura verificou-se a situação inversa, uma vez que principalmente em França, foram publicados um conjunto de estudos que demonstravam os benefícios da gordura animal e, portanto, houve mais procura por parte de um conjunto de indústrias que se abastecem desta matéria-prima.
“Neste momento, nós já assistimos a um encontro entre estes dois fatores, alguma estabilização e é normal que, não diria num curto prazo, mas que no médio prazo haja uma estabilização e um voltar, mais ou menos, aos valores que tínhamos anteriormente e, eventualmente, um pouco mais elevados”, concluiu.
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