O protesto, que decorreu à porta da USF do Covelo, na Rua Faria Guimarães, no Porto, pretendeu alertar o Governo para a necessidade de cumprir o despacho de 01 de fevereiro que define que, após avaliação favorável das USF modelo B, através de um estudo, 20 USF do modelo A poderão transitar para o B durante o último trimestre de 2019.
A 31 de julho, estes profissionais manifestaram-se em Lisboa, no mesmo dia em que o Ministério da Saúde fez saber que recebeu o estudo do modelo de indicadores, incentivos e resultados associados às USF B.
Os ministérios da Saúde e das Finanças vão avaliar o estudo, a que se seguirá "eventualmente a homologação" das suas conclusões, afirmou na altura a ministra da Saúde, Marta Temido, durante uma visita a uma USF do Alentejo, prevendo que "a transformação de USF A em USF B" possa ocorrer "no último trimestre de 2019".
Hoje, no Porto, o vice-presidente da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar, Paulo Santos, disse que estudos feitos pelo Ministério da Saúde revelam que se todas as USF fossem de modelo B o ganho para o Estado era de 103 milhões de euros.
Dizendo que os utentes ganham com o modelo B, o dirigente explicou que, com este, há um maior e mais adequado acompanhamento, nomeadamente em pessoas com diabetes, grávidas e hipertensas.
Além do benefício para os doentes, Paulo Santos falou também na “remuneração extra” que os recursos humanos obtêm com este modelo, relacionada com a quantidade de trabalho realizada.
O que a associação pretende é que o Governa cumpra com o que legislou, lembrando que em 2017 nenhuma USF transitou de modelo e que em 2018 “umas quantas” ficaram a aguardar a sua progressão, apesar de os pareceres técnicos estarem conforme o exigido, devido à existência de quotas, contra as quais se mostra contra.
Também contra a existência de quotas, o bastonário da Ordem dos Médicos, que defende que a progressão deve ser automática, deixou um apelo ao Governo, nomeadamente à ministra da Saúde, para “acelerar” o processo em causa, sublinhando existirem 33 USF com parecer técnico positivo para passarem de A para B.
Algumas destas estão à espera há mais de dois anos, vincou Miguel Guimarães, acrescentando que o plano de reforma de cuidados de saúde primários tem sido “travado” pelo Ministério das Finanças ao estabelecer quotas.
“Não se compreende porque não passam para modelo B. E, com isto, os profissionais veem defraudadas as suas expectativas”, frisou.
A título de exemplo, João Santos, do conselho técnico da USF São Tomé, em Santo Tirso, distrito do Porto, contou que esta está desde 2017 à espera da transição, depois de submetida a um processo rigoroso.
Falando numa “grande indefinição”, o responsável salientou que é necessária uma “maior transparência” nestes processos porque vão-se gerando desmotivação e assimetrias.
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