Em declarações à agência Lusa, Jaime Marta Soares afirmou que cabe ao Governo escolher quem vai dirigir a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), mas, conforme a lei, deve ouvir primeiro a Comissão Nacional de Proteção Civil, cuja reunião está agendada para segunda-feira, às 12:00.
O responsável afirmou que o currículo do tenente-general “é invejável”, mas advertiu que se está “a falar de futuro, e o futuro será com novas ideias, e uma preparação adequada”.
“Sabemos quem tem a responsabilidade de nomear ou 'desnomear', que é o Governo, mas também sabemos que antes de o fazer tem de ser ouvida a Comissão Nacional de Proteção Civil”.
“Como é possível convocar-nos para uma audição para amanhã [segunda-feira], às 12:00, para discutir o perfil e as políticas para o setor, e 24 horas antes está já um cidadão indigitado. Não está em causa o senhor general. A prática é que não é correta nem respeitadora”, disse.
“Que tipo de opinião vão querer ouvir de nós, vamos fazer de 'bibelots'? Vamos fazer parte da ‘mise-en-scène’”, questionou o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LPB), que afirmou que lhe parece “mais uma ditadura democrática que um regime democrático que respeite as entidades que importam e como está definido na lei”.
O presidente da LPB afirmou que vai estar presente na reunião “com a liberdade de consciência e a com a representatividade” que tem, dos bombeiros portugueses.
“Não somos estruturas do Estado, não nos vamos sentar como entidades dependentes do Estado, mas como entidades dependentes da sociedade civil, da nossa própria consciência e das decisões tomadas pelos bombeiros, nomeadamente no seu último congresso”, que se realizou, de 25 a 27 de outubro, em Fafe, no Minho.
A posição da LPB é a da “procura de soluções”, garantiu o seu presidente, que criticou o facto de estar marcada uma reunião e antes é anunciado quem vai liderar a ANPC.
“Acham que é uma coisa série? Eu não acho”, sublinhou.
Quanto ao perfil conhecido para lidera a ANPC, o antigo comandante geral da GNR Carlos Mourato Nunes, o presidente da LPB afirmou: “ao longo dos anos apareceu-nos muitos perfis e todos muito importantes, e nós sempre dissemos aquilo que era a nossa visão sobre a prevenção florestal". "A frase ‘os fogos evitam-se não se combatem', paga direitos de autor aos bombeiros portugueses”.
O responsável referiu ainda que ao longo dos tempos os bombeiros têm vindo a referir que “não tem que haver dispositivos com datas marcadas”, e a necessidade do “reforço das associações humanitárias, nomeadamente das Equipas de Intervenção Especial”.
“Queremos falar de futuro e não de um currículo de passado ou de pessoas que estão afastadas há oito ou dez anos de toda esta atividades, para falar de futuro contem connosco”, rematou.
“Não temos nada contra o general Mourato Nunes”, disse referindo que está em causa o ter sido conhecido o nome indigitado, antes da audição acontecer, uma situação “que não respeita ninguém e cria até problemas à própria pessoa indigitada com este tipo de atitudes”.
O Ministério da Administração Interna (MAI) indigitou o antigo comandante geral da GNR Carlos Manuel Mourato Nunes para presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil, na sequência da saída do antecessor, foi hoje divulgado.
Em comunicado, o MAI informa que “o ministro da Administração Interna [Eduardo Cabrita] indigitou o tenente-general Carlos Manuel Mourato Nunes para exercer as funções de presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil”.
A tutela adianta que vai “desencadear os procedimentos tendo em vista a sua nomeação, concretamente a audição da Comissão Nacional de Proteção Civil”, pelas 12:00 de segunda-feira.
Licenciado em Ciências Militares e Engenharia Geográfica, Mourato Nunes passou também pelo Instituto de Altos Estudos Militares, onde concluiu o curso de oficial general e o curso geral de comando e Estado-Maior.
Atualmente, Mourato Nunes era consultor de Segurança e Defesa.
A indigitação surge na sequência da demissão, em meados de outubro, do até então presidente da Autoridade Nacional da Proteção Civil, Joaquim Leitão.
[Título corrigido às 19:51 - A Jaime Marta Soares afirmou que a indigitação de Mourato Nunes não corresponde a uma “prática correta e respeitadora”, ao contrário do que se lia anteriormente]
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