Bruno Reis, porta-voz do movimento dos enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia, afirmou à agência Lusa que este protesto já está a ter consequências, nomeadamente na assistência a grávidas.
Desde as 00:00 de hoje que alguns enfermeiros especialistas se estão a recusar a prestar cuidados diferenciados em protesto contra não serem remunerados por esse trabalho.
De acordo com Bruno Reis, no Hospital de Guimarães, Braga, a equipa médica manteve as grávidas, mas as que chegarem entretanto serão transferidas para o Centro Materno Infantil do Norte.
No Hospital de Gaia, porto, registam-se “fortes constrangimentos” porque “não existem dotações seguras”, estando o trabalho a ser desenvolvido “abaixo das recomendações”.
Este enfermeiro recordou que a Ordem recomenda a presença de um enfermeiro especialista em saúde materna e obstetrícia para duas grávidas em trabalho de parto estacionário e um enfermeiro para uma grávida em trabalho de parto ativo.
A mesma fonte adiantou que no Centro Hospitalar do Baixo Vouga “os médicos estão a trabalhar em incumprimento das normas do próprio colégio da especialidade” dos clínicos.
Também no Hospital Amadora-Sintra, em Lisboa, “não há dotações seguras” e existe apenas um enfermeiro e não três, conforme deveria acontecer, disse.
Esta unidade de saúde foi hoje visitada pela bastonária da Ordem dos Enfermeiros, a qual, no final da visita, disse aos jornalistas que apenas estava a trabalhar um enfermeiro tarefeiro, dado que 21 dos 23 enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia se escusam a prestar esta especialização.
Para Ana Rita Cavaco, esta situação "põe em causa a segurança da mãe e das crianças".
Bruno Reis afirmou que no Hospital de Setúbal “já se registam dificuldades na vigilância da grávida” e que também nessa unidade de saúde “não existem dotações seguras.
O porta-voz do movimento dos enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia considera que este protesto vai ter ainda mais expressão quando os profissionais de outras instituições se juntarem ao mesmo, uma vez que nem todos apresentaram as cartas de aviso ao mesmo tempo.
Na Maternidade Alfredo da Costa e no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, não se registam para já quaisquer constrangimentos, uma vez que o protesto está marcado para mais tarde.
Também no Hospital do Espírito Santo de Évora, e segundo o movimento, “não tem havido um grande impacto para já” porque “a sala de partos está assegurada com os colegas especialistas de carreira” e os enfermeiros abrangidos pelo protesto “são relativamente poucos em relação à equipa”.
Nos hospitais de Beja e de Portalegre, o protesto “ainda vai ser esta semana, mas só a partir de quarta-feira”.
Em relação às ilhas, e de acordo com fonte do Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, o protesto não está a afetar os serviços, na Madeira.
Nos Açores, nove enfermeiros especialistas comunicaram ao hospital de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, a indisponibilidade para continuarem na assistência a partos, segundo uma fonte da secretaria regional da saúde.
Contudo, esta decisão só entra em vigor a partir de dia 12, na eventualidade de antes não ser alcançado um acordo.
Segundo a Ordem dos Enfermeiros, que apoia os profissionais neste protesto, existem cerca de 2.000 enfermeiros que, apesar de serem especialistas, recebem como se prestassem serviços de enfermagem comum.
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