Os protestos estão a provocar lentidão no trânsito, com barricadas de fardos de palha e de resíduos agrícolas em frente aos gabinetes do Governo, em manifestações que se multiplicam em várias zonas do país, na primeira grande crise para o recém-empossado primeiro-ministro Gabriel Attal.

Os opositores do Presidente Emmanuel Macron estão a aproveitar as manifestações dos agricultores para criticar o desempenho do seu Governo antes das eleições europeias, marcadas para junho.

A líder da extrema-direita, Marine Le Pen, cujo partido está bem posicionado nas mais recentes sondagens, culpa os acordos de comércio livre, as importações e a burocracia pelos problemas económicos dos agricultores.

“Os piores inimigos dos agricultores encontram-se neste Governo”, disse hoje Le Pen.

As estradas bloqueadas na manhã de hoje incluem uma entrada a oeste da capital francesa.

“Estamos cada vez mais perto de Paris”, anunciava o agricultor David Lavenant, ouvido pelos microfones dos jornalistas.

Os líderes dos protestos prometem que os agricultores vão analisar as medidas que o Governo deverá apresentar na sexta-feira, antes de decidirem os novos passos de contestação.

“A determinação é total. Esperamos medidas urgentes”, assegurou Arnaud Rousseau, presidente do influente sindicato agrícola FNSEA.

Em Bruxelas, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, abriu um painel de discussão para tentar colocar a agricultura como tema prioritário na política comunitária, prometendo ter em conta algumas das queixas levantadas pelos manifestantes em França.

O chamado diálogo estratégico surge num momento em que a campanha para as eleições do Parlamento Europeu, de 06 a 09 de junho, está a ganhar força e onde o destino do setor agrícola é uma questão controversa.

“Todos concordamos que os desafios são, sem dúvida, crescentes, seja a concorrência externa, seja o excesso de regulamentação interna, seja as alterações climáticas, ou a perda de biodiversidade, ou seja um declínio demográfico, apenas para citar alguns dos desafios”, reconheceu Von der Leyen.