Na reunião extraordinária privada, nos Paços do Concelho, permaneceram apenas na sala, além dos vereadores que representam a liderança (PSD/CDS-PP), os eleitos do PCP e do Livre, tendo abandonado a sessão os representantes de PS, Cidadãos Por Lisboa (CPL) e Bloco de Esquerda, segundo relataram à agência Lusa fontes destes partidos.

Numa resposta enviada à Lusa, fonte da liderança da Câmara de Lisboa assegurou que os termos da reunião extraordinária do executivo tinham sido comunicados e acertados com a oposição.

“Não só estavam, e sempre estiveram, garantidas todas as condições para o funcionamento da referida reunião, como a mesma acabou por ter o quórum necessário para a sua realização e deliberação de propostas importantes que foram discutidas e votadas”, indicou a mesma fonte.

Contudo, essa versão é desmentida pelos partidos da oposição que garantem que só foram avisados que o vice-presidente da Câmara, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), estaria presente na reunião via ‘teams’ para prestar esclarecimentos sobre a proposta de alteração orçamental.

“Não estavam presentes nem o senhor presidente da Câmara, nem o senhor vice-presidente que se fizeram substituir. O Livre fez o esforço de estar nesta reunião extraordinária e de ficar porque iam ser discutidas propostas urgentes para a cidade”, disse à Lusa o vereador do Livre Carlos Teixeira.

Segundo Carlos Teixeira, foi pedido o adiamento dos trabalhos, presididos pela vereadora Filipa Roseta, até que estivessem presentes os restantes vereadores com pelouro, mas a proposta não foi aceite.

Por seu turno, numa nota enviada à Lusa, os vereadores do PS explicaram que saíram da reunião de Câmara “em protesto”, por causa do “desrespeito sistemático com que a gestão de Carlos Moedas trata os momentos de deliberação”.

“A reunião de hoje era extraordinária, marcada pelo presidente da Câmara, de acordo com a sua disponibilidade, mas verificou-se que quer ele, quer a maioria dos seus vereadores não estavam presentes. Constata-se que há assuntos com importância suficiente para agendamento de uma reunião extraordinária, mas não suficientemente importantes para que a gestão de Moedas se digne a comparecer”, indicaram os socialistas.

Também numa nota enviada à Lusa, fonte dos vereadores do CPL, que também abandonaram a sala, salientou que “governar a cidade é acima de tudo ter estratégia, preparar propostas e defendê-las de forma transparente.

“Para isso é preciso que os vereadores com pelouro estejam nas reuniões que os próprios Novos Tempos marcam, sem atender às disponibilidades da oposição, como a extraordinária de hoje. Mas, o que acontece repetidamente é que faltam e deixam sem respostas questões”, criticou.

No mesmo sentido, fonte do BE/Lisboa, outra das forças políticas que abandonou a sessão em protesto, criticou a ausência da maioria dos vereadores da liderança, notando que tal tornou inviável a colocação de questões e a realização do debate.

“Não era possível fazer as perguntas, nem o debate. Não vieram porque não lhes interessava”, referiram os bloquistas.

O PCP/Lisboa, embora tivesse permanecido na reunião, também criticou a ausência do presidente, do vice-presidente e de mais três vereadores com pelouro.

“É uma situação anormal, considerando que não estaríamos em condições de discutir e votar os pontos da ordem de trabalhos, relativamente aos quais não fossem prestados os esclarecimentos que consideramos necessários, nomeadamente por ausência dos respetivos proponentes”, argumentou a vereação comunista.

Na sessão de hoje foram discutidas e aprovadas propostas referentes a apoios financeiros e entidades desportivas e também uma alteração ao orçamento de 2024 e às grandes Opções do Plano 2024-2028.

Atualmente, o executivo da Câmara de Lisboa, que é composto por 17 membros, integra sete eleitos da coligação “Novos Tempos” (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) – que são os únicos com pelouros atribuídos e que governam sem maioria absoluta -, três do PS, dois do PCP, três do Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), um do Livre e um do BE.