Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, Eurico Brilhante Dias salientou que o grupo parlamentar do PS “jamais, em momento algum, foi contactado por outro grupo parlamentar, em particular o grupo parlamentar do PSD, para fazer qualquer acordo quanto a um candidato a presidente da mesa da Assembleia da República”.
O líder parlamentar do PS referiu que os socialistas apresentaram as suas candidaturas para a mesa do parlamento - “um vice-presidente, um secretário e dois vice-secretários” - e inicialmente optaram por não indicar qualquer nome para a presidência porque havia “um acordo público entre a Aliança Democrática (AD) e o Chega”.
“Esse acordo público foi divulgado ainda ontem [segunda-feira] e hoje [terça-feira], devo dizer não sem surpresa, o senhor deputado Aguiar-Branco não foi eleito, numa rutura evidente do acordo das negociações entre a AD e o Chega”, frisou.
Foi apenas, prosseguiu, “perante a incerteza e pelo facto evidente de esse acordo ter soçobrado aos olhos dos portugueses que o PS apresentou um candidato”, Francisco Assis, que “ganhou duas votações”.
“Qualquer tentativa de envolver o PS nas negociações, nos acordos prévios, é uma tentativa que não respeita a verdade e aquilo que aconteceu no dia de ontem e no dia de hoje”, defendeu.
Questionado se o PS está aberto para negociações com o PSD, Brilhante Dias destacou apenas que as bancadas deram o acordo para que as candidaturas possam ser apresentadas até esta quarta-feira às 11:00, sendo depois votadas às 12:00.
Interrogado se o PS pretende manter a candidatura de Francisco Assis, o líder parlamentar socialista respondeu: “Eu não posso adiantar mais do que isto, sublinho apenas que o nosso camarada Francisco Assis ganhou duas eleições".
Pelo PCP, Paula Santos considerou "lastimável esta sucessão de acontecimentos", sublinhando que as três eleições falhadas vieram "confirmar as grandes preocupações" dos comunistas, estando, enquanto decorre este impasse, os problemas do país à espera de resposta.
"É preciso encontrar uma solução, infelizmente não está nas mãos do PCP. Esperamos que amanhã sejam encontradas soluções", disse.
Pelo Livre, Rui Tavares considerou que esta situação de instabilidade não era imprevisível porque com o resultado das eleições e as declarações que os partidos fizeram sobre as suas políticas de alianças resultou em três blocos.
"O que o PSD quis foi manter a sua ambiguidade e o seu silêncio até ao limite do insustentável", acusou, lançando um repto para que quem se candidate a presidente do parlamento "diga como pretende fazer o seu mandato", porque "nestas coisas não há cheques em branco", referindo que o partido não recebeu nenhum contacto da parte do PSD.
Já o PAN, através da deputada única Inês de Sousa Real, considerou que este "acordo que foi quebrado entre o PSD e o Chega" mostra a uma "instabilidade governativa que vai ter um impacto na vida das pessoas".
"É fundamental que dentro do espetro democrático da Assembleia da República se encontrem soluções. É por isso mesmo que o PAN votou em Francisco Assis", disse.
Para o PAN, "deverá ser um nome ou como Francisco Assis ou encontrar até uma terceira via que permita à Assembleia da República ter um nome do espetro democrático e que o país não fique refém de forças políticas claramente instáveis que falham ao país".
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