Na segunda-feira, várias pessoas ficaram feridas, incluindo três agentes da PSP, na sequência de uma tentativa de entrada num centro de apoio para carenciados, em Arroios, Lisboa, criado por um grupo de pessoas que ocupou um antigo infantário abandonado e que foi alvo de despejo na madrugada de segunda-feira.
Em declarações hoje à agência Lusa, o líder da bancada do PS na Assembleia Municipal, Manuel Lage, disse que vai pedir que o vereador da Câmara Municipal de Lisboa com o pelouro dos Direitos Sociais, Manuel Grilo (BE), seja ouvido na sexta comissão permanente para prestar esclarecimentos sobre “o que sabe e os comentários que foi proferindo ao longo do dia” no que diz respeito ao centro ilegal em Arroios.
“Temos dúvidas sobre a situação, nomeadamente como é que é possível haver uma resposta aos sem-abrigo em Lisboa a funcionar nestas condições. Tendo em conta que o senhor vereador Manuel Grilo é o vereador responsável no executivo por esta área e depois vermos o Bloco de Esquerda a dizer que não conhece esta situação”, disse.
Manuel Lage salientou também que a bancada do PS quer “saber como é que é possível o vereador do Bloco de Esquerda deixar acontecer falhas de resposta quando se tem vangloriado na qualidade do seu trabalho e quando a câmara tem aprovado tantos recursos para os sem-abrigo”.
“Saber também como é que é possível que continue [Manuel Grilo] a fugir às suas responsabilidades enquanto membro do executivo e como é possível fazer dois em um: aparecer ao lado da associação, dos ocupantes, sem nunca ter prestado nenhum tipo de resposta ou apoio nesta situação em concreto”, sublinhou.
No entendimento do líder da bancada do PS na Assembleia Municipal de Lisboa, as pessoas da cidade têm de perceber o que se está a passar.
“Para nós, o essencial é haver um esclarecimento e nós, enquanto deputados municipais, temos o dever de fiscalizar a ação do executivo municipal. É esse o nosso objetivo”, disse.
Cerca de uma dezena de seguranças privados entraram às 05:00 de segunda-feira naquele centro de apoio para carenciados, para tentar despejar as pessoas que ali se encontravam, porque o espaço foi ocupado ilegalmente.
Os voluntários enviaram correios eletrónicos a várias entidades, entre as quais a Câmara Municipal de Lisboa e a PSP, a informar de que iriam ocupar o espaço e os motivos.
Ao final da tarde, várias pessoas ficaram feridas, incluindo três agentes da PSP, na sequência de uma tentativa de entrada no centro de apoio a carenciados.
Quando ocuparam o espaço, os voluntários não sabiam quem eram os proprietários do imóvel, mas mais tarde descobriram que foi vendido a uma empresa de imobiliário e depois em parcelas a três pessoas que vivem no estrangeiro.
Segundo uma nota da PSP, “após uma demorada negociação, os ocupantes acabaram por abandonar voluntariamente os imóveis e de seguida restituída a posse ao seu legítimo proprietário”.
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