Ana Durana, a primeira a tomar a palavra, classificou os estatutos como “a constituição” do PSD e defendeu que a sua revisão devia ser discutida “em profundidade”, pelo que “a ordem de trabalhos devia ter sido alterada em devido tempo”.
“A crise política desencadeada com a demissão do Governo e a convocação de eleições vieram introduzir um elemento de perturbação, e impedem que a discussão dos estatutos aconteça com a serenidade e a concentração que se exige”, considerou, apontando que a revisão dos estatutos deveria ter sido adiada para outro congresso a marca especificamente para esse efeito pois agora a “atenção e energia” dos sociais-democratas deve estar concentrada na campanha para as eleições de 10 de março.
Ana Durana defendeu também que “aprovar alterações aos estatutos com pouca ou nenhuma discussão” pode trazer “danos reputacionais para o partido”, correndo o risco de “aprovar irrefletidamente” normas “danosas para a coesão interna” do PSD.
Carlos Costa Neves disse nunca ter sentido “tanto desconforto no momento de fazer uma intervenção”, sustentando que “o atual momento político põe em segundo plano uma questão muito importante para o partido, mas que neste momento não é aquilo de que se quer ouvir falar”.
Ainda assim, este social-democrata sugeriu que os estatutos também poderiam “falar de inelegibilidade”, a par das incompatibilidades e pediu uma definição quanto ao ponto que estipula que “nenhum militante pode exercer cargos eleitos em mais de um órgão eleito no mesmo âmbito territorial”.
De seguida, Luís Rodrigues concordou que “se calhar hoje não seria altura para discutir estatutos”.
Este delegado considerou também que os conselhos de jurisdição de primeira instância deviam ser eleitos pelos militantes no mesmo dia das eleições para as distritais, propôs a criação de um “provedor do militante, eleito em congresso”, e criticou a definição de a direção escolher até dois terços dos candidatos a deputados.
A deputada Lina Lopes, líder das Mulheres Social Democratas, referiu o ponto dos estatutos que estipula que para órgãos colegiais que não assembleias “deve ser assegurada a representação mínima de 40% de cada um dos géneros”, apontando que “ao retirar a menção de que não podem ser colocados consecutivamente mais de dois candidatos do mesmo género”, pode acontecer os seis primeiros serem todos do mesmo género.
André Pardal, antigo deputado e atual conselheiro nacional, considerou “lamentável que este congresso tenha sido marcado apenas para um dia” e questionou “qual a imagem” que o PSD passa “quando quer altear a sua espinha dorsal pela calada da manhã”.
O dirigente fez um requerimento oral para as propostas serem votadas uma a uma, que foi rejeitado.
Sobre as propostas, André Pardal defendeu que a eleição do presidente devia ser feita através de “primárias abertas a não militantes”, sustentando que seria uma “mostra de modernidade, abertura e transparência” do partido.
António Alvim foi mais longe e entregou “antes do início dos trabalhos, um requerimento para pôr à consideração do congresso o adiamento” da discussão dos estatutos para que fossem “bem discutidos e não ser assim a correr”.
Falando também na escolha dos candidatos a deputados, o social-democrata defendeu que devem ser “candidatos do PSD, independentemente de quem for o presidente”, porque pode acontecer “o presidente mudar e fica uma bancada hostil”.
Já Luís Ricardo Sousa, presidente da concelhia de Paredes, nem falou sobre estatutos para “aceder ao pedido do presidente da Mesa”.
Por seu turno, Gabriel Albuquerque defendeu que o PSD dá um sinal de maturidade ao refletir internamente e defendeu que a revisão dos estatutos “não pode ser entendida como ponto de chegada”, mas como “ponto de partida para um partido mais atrativo”, especialmente para os jovens.
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