Em declarações aos jornalistas no final da reunião da Comissão Política Nacional, na sede do PSD, José Silvano disse ainda que o presidente do PSD recebeu o incentivo “praticamente unânime” dos dirigentes presentes na reunião para se recandidatar à liderança do partido, e informou que Rui Rio não revelou para já a sua decisão.

“Foi praticamente unânime na Comissão Política Nacional (CPN), na análise dos resultados eleitorais, o incentivo a que o atual presidente do partido se recandidatasse, sem que da parte dele houvesse qualquer decisão sobre esta matéria ou qualquer palavra sobre esta matéria”, adiantou.

Questionado se há alguma previsão de quando Rui Rio quebrará o silêncio, José Silvano respondeu negativamente.

“Não há previsão nenhuma, só está na cabeça dele e a CPN deixou-lhe essa possibilidade de decidir como e quando entender”, afirmou.

Quanto ao prazo de realização das próximas eleições diretas e Congresso, o secretário-geral remeteu as datas concretas para o Conselho Nacional – que se realizará em Bragança, onde o partido obteve os melhores resultados –, mas adiantou que serão cumpridos os calendários normais, que já previam diretas em janeiro e congresso em fevereiro.

O secretário-geral do PSD explicou aos jornalistas que na reunião de hoje da direção alargada – de manhã tinha-se reunido a Comissão Permanente, núcleo duro da direção, foi feita uma análise dos resultados eleitorais, semelhante “ao que o presidente do partido já tinha feito na noite das eleições”.

A dúvida na data de marcação do Conselho Nacional – para os “últimos dias de outubro ou primeira semana de novembro” – reside no facto de a 1 de novembro se assinalar o feriado de Todos os Santos, numa sexta-feira, originando um fim de semana prolongado.

“Decidimos também que nesse Conselho Nacional se marcarão as datas das diretas e do Congresso. Elas não são diferentes no tempo do que foram as anteriores diretas, em meados de janeiro, e, na primeira ou segunda semana de fevereiro, o Congresso”, afirmou.

Questionado se acredita que Rio vai continuar e até quando durará o seu silêncio, Silvano respondeu: “Nem acredito nem desacredito, a minha opinião é que gostava que ele se recandidatasse (…) Não sei o ‘timing’ nem a data, decidirá como entender, da forma como entender, o nosso líder é assim, é genuíno”.

José Silvano foi ainda questionado sobre a possibilidade de Rui Rio poder assumir a liderança da bancada parlamentar – hipótese avançada no domingo pelo ex-líder do PSD e comentador Marques Mendes e, nos últimos dias, também noticiada por alguns órgãos de comunicação social.

“É uma questão que não foi abordada nesta CPN”, afirmou, explicando que, “habitualmente”, só na semana seguinte à tomada de posse dos novos deputados – que ainda não está marcada - o PSD toma decisões sobre a bancada.

Perante a insistência dos jornalistas se essa é uma hipótese em aberto, o secretário-geral respondeu que “todas as hipóteses estão em aberto”.

“Não sei qual será a [decisão] dele, esperamos que tome a decisão, sendo ele ou qualquer um dos 77 deputados eleitos, algum há de ser “, afirmou.

José Silvano voltou a reiterar, como fez Rui Rio na noite eleitoral, que a decisão do presidente do partido será tomada com “calma, serenidade e ponderação”.

“Nunca andamos à pressa, pelos vistos à pressa anda muita gente no PSD”, ironizou, numa referência implícita aos críticos.

O secretário-geral rejeitou que o PSD esteja a sofrer qualquer desgaste com este compasso de espera, salientando que ainda não terminou sequer o apuramento dos resultados eleitorais, uma vez que ainda decorre a contagem dos votos dos emigrantes, que terá influência “nas percentagens e número de deputados de PSD e PS”.

Questionado se alguém quebrou a unanimidade em relação ao incentivo a Rio, o secretário-geral explicou que nem todos os membros da Comissão Política falaram, o que é habitual.

“Entre os que se pronunciaram, foram unânimes”, disse.

Fontes presentes na reunião confirmaram à Lusa que na reunião foram feitos vários elogios ao líder e ao seu desempenho na campanha eleitoral, numa reunião em que Rui Rio ouviu mais do que falou, remetendo para o balanço que já tinha feito na noite eleitoral.

Em 06 de outubro, quando o PSD obteve 27,9% dos votos e elegeu 77 deputados, Rui Rio assumiu que o PSD não alcançou o principal objetivo – vencer as eleições – mas defendeu que não se tratou de “uma grande derrota”.

Na passada quarta-feira, o antigo líder parlamentar Luís Montenegro já anunciou que será candidato à presidência do PSD nas próximas diretas, sendo, até agora, o único candidato assumido.

(Artigo atualizado às 20:32)