“O que aqui é importante é que o primeiro-ministro venha esclarecer o que se passou e venha dizer se mantém a confiança política no seu ministro dos Negócios Estrangeiros, apesar de ele estar muito fragilizado e ainda por cima, sendo ministro e ministro de uma área de soberania, é para nós bastante grave”, disse, em declarações à agência Lusa Joaquim Miranda Sarmento.

Segundo o social-democrata, “o PSD não costuma pedir a demissão de ministros porque a formação do Governo é uma competência do senhor primeiro-ministro”.

“O senhor primeiro-ministro é que tem que vir explicar se mantém a confiança no seu ministro dos Negócios Estrangeiros e se acha normal ter um ministro, ainda para mais numa área de soberania, visado em tantos casos e com tantas situações por esclarecer”, enfatizou.

Miranda Sarmento afirmou que João Gomes Cravinho, “na qualidade anterior de ministro da Defesa, tem já várias situações que o fragilizam muito do ponto de vista político”, dando como exemplos as obras do Hospital Militar e os casos envolvendo o ex-secretário de Estado da Defesa Marco Capitão Ferreira.

“É importante lembrar que o senhor ministro esteve no parlamento a semana passada e omitiu informação relevante à Assembleia da República, nomeadamente o trabalho em paralelo, simultâneo e direto, com Marco Capitão Ferreira para o gabinete do então ministro da Defesa”, acrescentou.

Para o líder parlamentar do PSD, todos estes casos mostram “a fragilidade política em que o ministro está porque, de facto, ele tem uma proximidade muito grande” a Capitão Ferreira, estando “implicado e envolvido” em todos estes processos que envolvem o antigo secretário de Estado.

Segundo a edição da Visão de hoje, entre fevereiro e março de 2019, Marco Capitão Ferreira assessorou a Direção-Geral de Recursos e Defesa Nacional no contrato relativo aos helicópteros EH-101 ao mesmo tempo que trabalhou para o gabinete do então ministro da Defesa, integrado numa alegada “comissão fantasma” que tinha como objetivo realizar um estudo.

Marco Capitão Ferreira demitiu-se de secretário de Estado da Defesa no início de julho, no dia em que foi constituído arguido no âmbito da operação ‘Tempestade Perfeita’, suspeito dos crimes de corrupção e participação económica em negócio, e alvo de buscas, que também ocorreram nas instalações da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional.

Marco Capitão Ferreira tomou posse como secretário de Estado da Defesa Nacional em março de 2022, desde o início do atual Governo, e antes foi presidente do conselho de administração da idD Portugal Defence, a ‘holding’ que gere as participações públicas nas empresas da Defesa — cargo que assumiu em 2020 e para o qual foi nomeado por Gomes Cravinho.

Na audição no parlamento, na passada sexta-feira, o antigo ministro da Defesa e atual ministro dos Negócios Estrangeiros assegurou que não indicou Marco Capitão Ferreira para a polémica assessoria prestada à Direção-Geral de Recursos da Defesa, remetendo a responsabilidade para o antigo responsável Alberto Coelho.