Esta posição foi defendida pelo deputado social-democrata Ricardo Baptista Leite, após mais uma reunião que decorreu no Infarmed, em Lisboa, com especialistas para avaliar a situação epidemiológica da covid-19 em Portugal, com foco na Área Metropolitana de Lisboa, onde tem surgido a maioria dos novos casos.
Uma reunião em que participaram o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, António Costa, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, e líderes partidários, entre eles Rui Rio por videoconferência.
"Nesta reunião, e de acordo com os técnicos de epidemiologia da DGS, a situação que estamos a viver, particularmente na região de Lisboa e Vale do Tejo, é a representação de uma segunda onda. O aumento do número de casos que estamos a verificar não é apenas e só o resultado do aumento da testagem", sustentou Ricardo Baptista Leite.
Para o dirigente do PSD, a atual situação da pandemia da covid-19 na região de Lisboa e Vale do Tejo "tem focos particularmente conhecidos, nomeadamente nos concelhos de Sintra, Amadora, Odivelas e Loures".
"Isto está a traduzir-se num aumento do número de internamentos - nos últimos dias houve uma estabilização dos internamentos - e num aumento contínuo do número de doentes em cuidados intensivos", apontou.
Na perspetiva do vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD, perante a atual situação sanitária, "objetivamente, não se pode baixar a guarda e é preciso intervir".
"Nesta reunião, ficou claro que precisamos de ter uma ação mais dirigida, o que passa por identificar todos os potenciais pontos de entrada e de disseminação do vírus", frisou.
Ricardo Batista Leite avisou ainda, que, a partir de 01 de julho, vão passar a chegar a Portugal centenas de voos por dia, para além de embarcações pelos portos, o que significa a entrada de muitas centenas de passageiros.
"Neste momento, não fazemos sequer qualquer obrigatoriedade de testagem. Temos uma porta de entrada nos aeroportos que carece de resolução - isto, se queremos que o turismo continue a funcionar e se queremos garantir que a nossa economia prospere", advogou.
O "vice" da bancada social-democrata insistiu ainda na necessidade de "uma identificação precoce e isolamento imediato das pessoas infetadas e de quem teve contacto direto com essas pessoas infetadas nos 15 dias anteriores".
"Pessoas infetadas em locais que possam disseminar rapidamente leva à criação de novos surtos. Neste momento, há 65 surtos a nível nacional, dos quais 53 na região de Lisboa. Mas, nesta reunião, também foi dito que, entre 15 e 20 por cento na região de Lisboa e Vale do Tejo, são de transmissão comunitária, ou seja, quando as cadeias de transmissão não estão identificadas", observou.
Por isso, segundo Ricardo Baptista Leite, caso não haja um controlo imediato destas cadeias de transmissão comunitária, "rapidamente haverá uma subida exponencial do número de casos".
Esta foi a nona reunião técnica realizada no Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, em Lisboa, por iniciativa do primeiro-ministro, para partilha de informação, em que participam também líderes de confederações patronais e centrais sindicais e ainda, por videoconferência, os conselheiros de Estado.
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