A primeira reunião do novo Conselho Nacional deveria ter acontecido logo em março, mas a pandemia de covid-19 levou os sociais-democratas a suspenderem todas os encontros presenciais até ao verão.
Se a direção do PSD definiu que só a partir de janeiro (e provavelmente após as presidenciais) devem começar a ser discutidos e apresentados candidatos às autárquicas do outono do próximo ano, alguns conselheiros defendem que o tema deve já estar em cima da mesa.
“É importante que o partido comece a debater a questão autárquica e a estimular os seus melhores quadros para protagonizarem candidaturas”, defendeu Paulo Cunha, presidente da Câmara de Famalicão e que encabeçou a segunda lista mais votada no último Conselho Nacional, depois da da direção.
O autarca, que foi um dos principais apoiantes de Luís Montenegro na última disputa interna, não irá a Olhão na sexta-feira por ser dia de Assembleia Municipal, mas apelou a que todos os conselheiros nacionais deem os seus contributos para que “o presidente do partido seja bem-sucedido nas suas escolhas”.
“O partido sempre teve, e felizmente tem, pessoas que foram governantes, que são e foram deputados, que estão e foram autarcas, pessoas da sociedade civil”, disse, apelando a que se escolham “os melhores”.
Para as duas maiores câmaras do país, Lisboa e Porto, Paulo Cunha diz que gostaria de ver “figuras que se identifiquem com o PSD e tenham um percurso ligado ao PSD”.
“Confesso que acho que o PSD deve ter uma candidatura própria a Lisboa, e não apoiar uma candidatura liderada pelo CDS”, disse, questionado sobre a sugestão do ex-ministro Poiares Maduro de uma candidatura conjunta encabeçada por Paulo Portas.
Já o líder da JSD, Alexandre Poço, confirmou à Lusa que irá ao Conselho Nacional defender o apelo que lançou numa carta aberta na quarta-feira aos presidentes do PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal para um acordo de âmbito nacional do centro-direita nas eleições autárquicas de 2021.
O conselheiro nacional e ex-líder da concelhia do Porto Hugo Neto também irá a Olhão para defender que a reunião sirva como ponto de partida do debate interno para o “enorme desafio” que o partido vai ter em 2021, recordando que foi Rui Rio que disse que as autárquicas seriam as eleições mais importantes para o PSD.
Hugo Neto escreveu à direção no final de julho a pedir a convocação urgente de um Conselho Nacional, reiterando o pedido no início de setembro, e avisou que o órgão máximo entre congressos não pode estar dez meses sem se reunir.
“A falta de debate interno leva ao adormecimento do partido e isso não é nada positivo (…) Estamos a cerca de um ano desse enorme desafio que exige a unidade do partido, muito mais do que outras eleições”, alertou, considerando que “é muito importante que as estruturas locais não se sintam ultrapassadas” no processo.
Na mesma lógica de promover o debate interno, Hugo Neto - que apoiou Miguel Pinto Luz na disputa interna e Montenegro na segunda volta - pede a realização de um congresso extraordinário de revisão estatutária “logo depois das presidenciais” e uma convenção autárquica para o verão.
Antes da análise da situação política - o último ponto da ordem de trabalhos -, o Conselho Nacional tem na agenda a aprovação de contas do ano passado e do orçamento para este ano, bem como duas alterações a regulamentos internos que o secretário-geral do PSD, José Silvano, classifica como de pormenor.
Uma delas visa fazer coincidir os prazos dos processos eleitorais internos com os horários de funcionamento da sede (evitando que se fixem prazos para a meia-noite, por exemplo) e outra para acrescentar, no regulamento de disciplina, que constitui infração grave propor, requerer ou integrar comissões de honra de listas de outros partidos (até aqui só se aplicava a quem integrasse as listas efetivamente entregues em tribunal).
Antes do Conselho Nacional, decorrerá, como habitualmente, uma reunião da Comissão Política Nacional, e o presidente do partido, Rui Rio, já disse querer abordar o tema das presidenciais do início de 2021.
Rui Rio tem remetido a decisão sobre o apoio do PSD a Marcelo Rebelo de Sousa para uma deliberação do Conselho Nacional a tomar depois de o atual chefe de Estado esclarecer se se recandidata a Belém, mas considerando essa “a opção natural” do partido.
“Parece-me evidente que, estando na Presidência da República alguém da fundação do PSD, que foi líder do PSD, que é Presidente num momento em que precisamos de estabilidade e quando olhamos aos outros candidatos que já se perfilaram - designadamente André Ventura e Ana Gomes, que são candidatos de muita rutura - penso que é aconselhável o país ponderar e ter calma”, reiterou na segunda-feira, em entrevista à SIC-Notícias.
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