O chefe da diplomacia do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, afirmou que o governante do Kuwait pediu ao emir, o xeque Tamim bin Hamad Al-Thani, para adiar o discurso ao país sobre a crise regional, a mais grave desde a guerra do Golfo de 1991, de modo a conversar com as partes envolvidas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros também afirmou, à televisão Al-Jazeera, que Doha rejeita aqueles que “tentam impor a sua vontade no Qatar ou intervir nos seus assuntos internos”.
Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Egito, Iémen e Líbia, além das Maldivas, anunciaram sucessivamente na segunda-feira o rompimento de relações diplomáticas com o Qatar e tomaram medidas para isolar o país, fechando fronteiras e cortando ligações terrestres, marítimas e aéreas.
O corte de relações diplomáticas culmina anos de tensões na aliança entre os produtores de petróleo do Golfo e reflete uma irritação crescente dos países vizinhos com o apoio do Qatar a organizações que os outros Estados árabes consideram terroristas.
Alguns analistas relacionam também o agravamento da situação com a recente viagem do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à região, marcada pelo reforço dos laços com a Arábia Saudita e pelo apelo aos líderes árabes para que assumam a luta contra o terrorismo.
Dias depois da visita, o Qatar anunciou que a sua agência oficial, QNA, foi “pirateada por uma entidade desconhecida” e que “declarações falsas”, sobre o Irão, o Hezbollah, o Hamas e a Irmandade Muçulmana, foram atribuídas ao emir.
Apesar dos desmentidos de Doha, as declarações foram divulgadas pela maioria dos meios de comunicação da região. No dia seguinte, o jornal Al-Bayan, dos Emirados, escrevia em manchete “O Qatar divide os árabes” e o saudita Al-Hayat que as declarações atribuídas ao emir provocaram “uma indignação em grande escala”.
As acusações ao Qatar de apoio ao terrorismo são recorrentes, mas Doha nega-as.
O Qatar acolhe no seu território dirigentes do Hamas — Khaled Meshaal — e da Irmandade Muçulmana — como Yussef al-Qaradaoui –, consideradas organizações terroristas pelos países vizinhos.
O país é também acusado de laxismo na luta contra o financiamento do terrorismo através de fundos privados.
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