A Porto Editora (PE), que promove a iniciativa desde 2009, afirma em comunicado que a escolha dos dez vocábulos teve como “base as propostas feitas através do ‘site’, e o trabalho de observação e acompanhamento da realidade da Língua Portuguesa, tanto nos meios de comunicação e redes sociais, como no registo de consultas nos dicionários ‘online’ e ‘mobile’".
No dia 04 de janeiro próximo será conhecida a "Palavra do Ano", escolhida entre a seguinte lista de dez vocábulos: “afeto”, “cativação”, “crescimento”, “desertificação”, “floresta”, “gentrificação”, “incêndios”, “independentista”, “peregrino” e “vencedor”.
A escolha da palavra “afeto” é justificada pela ação do Presidente da República. “Marcelo Rebelo de Sousa tem exercido o seu mandato com um singular grau de proximidade e afetividade para com os portugueses, o que já lhe valeu o epíteto de Presidente dos Afetos”, afirma o grupo editorial.
Quanto à escolha de “cativação”, afirma a PE, que, “com o objetivo de manter o défice abaixo dos valores definidos com a União Europeia, cativação tornou-se numa palavra muito visível – algo controversa –, na estratégia orçamental do Governo”.
“Crescimento” é uma palavra que “há bastante tempo não era usada para definir o comportamento da economia portuguesa, facto que foi notório ao longo do ano”.
“Desertificação”, por seu turno, foi um vocábulo “muito por força das circunstâncias, que ganhou especial atenção nas discussões públicas e no espaço mediático”.
“A enorme quantidade de área ardida demonstrou a necessidade de adotar novas estratégias para o ordenamento florestal em Portugal”, e daí a escolha da palavra “floresta”, muito ouvida e usada durante este ano.
“Gentrificação” é outro termo escolhido, um vocábulo de origem anglo-saxónica, que remete para o fenómeno que afeta uma cidade ou bairro pela alteração das dinâmicas da composição do local, como novos pontos comerciais ou construção de novos edifícios, numa procura de valorização, mas que afeta a população local.
“O aumento do turismo tem posto em evidência novos desafios e novas realidades, como a gentrificação, que se faz sentir nas principais cidades do país”, justifica a PE.
A palavra “incêndios” foi escolhida por causa dos “sucessivos incêndios que se fizeram sentir durante este ano em todo o país; 2017 foi um dos anos mais trágicos de sempre, pela enorme quantidade de vítimas e pela dimensão da área atingida”.
“A pretensão de independência da região espanhola da Catalunha tem sido seguida com particular atenção pelos portugueses”, e daí a escolha do termo “independentista”
“A propósito do centenário das aparições em Fátima, este ano, e do número excecional de peregrinos, ‘peregrino’ foi uma das palavras mais usadas este ano”.
“Pela primeira vez, e de forma surpreendente, Portugal foi o país vencedor do Festival Eurovisão da Canção, sendo de sublinhar o entusiasmo e o carinho que o cantor Salvador Sobral despertou junto dos portugueses”, daí a PE ter escolhido como “vencedor”, a 10.ª palavra que fecha a lista posta a partir de hoje, e até 31 de dezembro, a votação.
Esta é a nona edição da "Palavra do Ano", que tem “como principal objetivo sublinhar a riqueza lexical e o dinamismo criativo da Língua Portuguesa, património vivo e precioso de todos os que nela se expressam, acentuando, assim, a importância das palavras e dos seus significados na produção individual e social dos sentidos com que vamos interpretando e construindo a própria vida”, afirma a PE.
"Esmiuçar" foi a palavra do ano de 2009, em 2010, "vuvuzela", à qual sucedeu, em 2011, "austeridade" e, em 2012, "entroikado".
Os incêndios de 2013 levaram à escolha da palavra "bombeiro", como reconhecimento do esforço destes efetivos, profissionais e voluntários, e, no ano seguinte, 2014, a palavra escolhida foi "corrupção", à qual sucedeu, em 2015, "refugiado" e, no ano passado, “geringonça".
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