Segundo a análise da agência da UE, 45% das pessoas de ascendência africana que vivem no espaço comunitário dizem ter sido vítimas de discriminação racial nos últimos cinco anos, o que representa um aumento em relação ao último relatório feito pela agência, em 2016, quando a percentagem era de 39%.
Os países onde as pessoas mais sentem discriminação social são a Alemanha e a Áustria, nos quais o número de inquiridos que admitiu ser alvo de comportamentos racistas ultrapassa os 70%.
No entanto, alerta a FRA, a discriminação “permanece invisível”, uma vez que apenas 9% a denunciam.
De acordo com os mesmos dados, as mulheres jovens, as pessoas com educação superior e as que usam vestuário religioso são as mais suscetíveis a serem vítimas de discriminação racial, que as afeta sobretudo quando procuram trabalho ou alojamento.
Entre os inquiridos, cerca de um terço (34%) disse ter sido alvo de discriminação racial ao procurar emprego e 31% afirmam ter sido discriminados no próprio local de trabalho.
Além disso, em comparação com a população em geral, “é mais provável que tenham apenas contratos temporários e que sejam demasiado qualificados” para o trabalho que executam, adianta o relatório.
Mais recentemente, o aumento da inflação e do custo de vida colocou mais pessoas de ascendência africana em maior risco de pobreza, em comparação com a população em geral.
“Cerca de 33% enfrentam dificuldades para fazer face às despesas quotidianas e 14% não têm dinheiro para aquecer as suas casas, em comparação com 18% e 7% da população em geral”, refere a FRA, acrescentando que, para os cidadãos da UE de ascendência africana, encontrar um local para viver é mais difícil do que para a população em geral.
Ao tentar encontrar alojamento, destaca ainda a FRA, “31% dos inquiridos afirmaram ter sido vítimas de discriminação racial”, uma tendência em crescimento desde 2016.
“É chocante constatar que não houve melhorias desde o nosso último inquérito, em 2016. Pelo contrário, as pessoas de ascendência africana enfrentam cada vez mais discriminação apenas por causa da cor da pele”, lamenta o diretor da FRA, Michael O’Flaherty, citado no relatório.
“O racismo e a discriminação não devem ter lugar nas nossas sociedades. A UE e os seus Estados-membros devem utilizar estas conclusões para direcionar melhor os seus esforços e garantir que também as pessoas de ascendência africana possam usufruir dos seus direitos livremente, sem racismo ou discriminação”, conclui o responsável.
O documento da FRA analisou as respostas de mais de 6.700 pessoas de ascendência africana que vivem em 13 países da UE: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Polónia, Portugal e Suécia.
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