Em declarações à Lusa, a autora da petição “A favor de um jardim público no centro da Boavista e não mais um centro comercial”, lançada na sexta-feira, explicou pretender chamar para a necessidade de priorizar a criação de espaços verdes no centro da cidade, algo que tem sido negligenciado quer por este executivo quer por outros que o antecederam.
Sofia Maia Silva salientou que esta vontade é tão mais evidente pelo número de subscritores que em apenas quatro dias subscreveram a petição. Professores, músicos, comerciantes e moradores estão entre os 957 subscritores contabilizados até às 15:25.
Para a primeira subscritora da petição, "é até absurdo" pensar-se em mais um centro comercial para uma zona onde estas estruturas abundam.
"Não é isto que é interesse público", acrescentou.
No texto dirigido ao presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, defende-se a criação de um jardim público no terreno no qual há a intenção de construir mais um centro comercial.
"A Câmara Municipal do Porto prepara-se para aprovar a construção de mais um centro comercial El Corte Inglês no terreno descampado da antiga estação ferroviária da Boavista, junto ao Metro da Casa da Música. Reivindicamos que este espaço seja projetado para responder à necessidade há muito tempo sentida pelos residentes e utilizadores desta zona da Boavista de terem um espaço verde, para usufruto público, de adultos e crianças", lê-se na petição.
O documento, refere que “mais um centro comercial, também com valências de hotelaria e ginásio", de acordo com o que foi avançado, em julho, pelo vereador da Economia, Turismo e Comércio, Ricardo Valente, "é absolutamente desnecessário nesta zona que já está repleta de centros comerciais, unidades hoteleiras e ginásios".
Pelo contrário, "este projeto", aponta a petição, "contribuirá para a intensificação do trânsito, já bastante congestionado na Boavista, e para um maior estrangulamento do pequeno comércio".
Acresce que, afirma a criadora desta petição, o centro da cidade e, em particular a zona da Boavista, "têm uma carência flagrante de jardins públicos sustentáveis, que ofereçam uma alternativa à intensificação crescente do betão e da circulação automóvel na cidade", pelo que um espaço verde no centro da cidade, "é uma necessidade urgente para os cidadãos da cidade do Porto".
Nesse sentido, estes subscritores pedem à autarquia que priorize este "projeto de interesse público em detrimento da edificação e privatização dos espaços públicos, e em particular deste espaço estrategicamente situado no centro da Boavista".
Questionada pela Lusa, a autarquia informou no dia 16 de setembro, que, até àquela data, não tinha dado entrada no município nenhum pedido ou projeto.
No dia 04 julho, o vereador do Economia, Turismo e Comércio da Câmara do Porto, Ricardo Valente revelou que o projeto de construção El Corte Inglés na rotunda da Boavista iria "renascer".
Segundo aquele responsável, o grupo espanhol estava naquele momento "a tratar da questão do licenciamento", pelo que, se os projetos de arquitetura ficarem prontos até ao final do ano, acredita, é possível que a construção possa arrancar em 2020.
A ideia, revelou à data o vereador, é que projeto, que será algo mais segmentado, inclua para além da área comercial, outros equipamentos como ginásios e até uma zona hoteleira.
Em outubro de 2003, a Lusa noticiava que a empresa espanhola negociou durante mais de dois anos com a Câmara do Porto, à data liderada por Rui Rio, a sua instalação na cidade, mas não foi possível chegar a acordo sobre a localização exata.
A empresa pretendia construir a sua megaloja no terreno da antiga estação ferroviária da Boavista, junto à Rotunda da Boavista e à Casa da Música, enquanto a autarquia queria localizar o El Corte Inglés na Baixa.
Ante o impasse, que durava há meses, a empresa espanhola optou por escolher Vila Nova de Gaia, depois de "largos meses de negociações".
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