A cabeça de lista do PS, Marta Temido, considerou, em Setúbal, que eleger menos de nove eurodeputados não é derrota pessoal, mas para o país, e recordou que no domingo se pode votar em qualquer ponto do território.
O Partido socialista venceu as últimas eleições europeias, tendo alcançado nove mandatos, o que para Marta Temido foi “um resultado extraordinário”.
Horas depois, o líder do PS pediu que “ninguém falhe no domingo” e seja dada a vitória à candidatura encabeçada por Marta Temido, na tradicional descida do Chiado, um momento que juntou muitos socialistas, mas não António Costa.
“Que ninguém falhe no dia 09, no próximo domingo, para uma grande vitória do PS, da Marta, de Portugal e da Europa”, disse Pedro Nuno Santos, junto ao Rossio, onde terminou desta vez a tradicional descida do Chiado.
João Cotrim de Figueiredo, “número um” da IL, assumiu, por seu lado, que eleger dois eurodeputados e aproximar-se de outras forças políticas seria "um grande resultado".
A confirmar-se o desejo, será a estreia dos liberais portugueses no Parlamento Europeu (PE).
“Um grande resultado seria eleger dois eurodeputados e aproximarmo-nos de outras forças políticas”, disse João Cotrim de Figueiredo no final de uma arruada em Lisboa que, devido à chuva intensa, teve de ser encurtada.
No arranque da campanha oficial para as eleições europeias, o candidato liberal traçou como meta a eleição de um eurodeputado e correndo bem a campanha ter a ambição de fazer mais, discurso que alterou a meio da segunda semana.
No Porto, numa visita a uma residência universitária e sem se comprometer com o número de eleitos, o cabeça de lista da AD, Sebastião Bugalho, disse que olha para as sondagens "com otimismo e esperança", apesar de considerar que se dirigem mais a "exercícios de comentários" do que aos votantes.
Quem também se apresentou confiante foi João Oliveira, “número um” da CDU, que numa arruada no Barreiro, distrito de Setúbal, assegurou que a coligação está de “pneus cheios” após a campanha, que mereceu uma avaliação de 12 valores em 10 por parte do secretário-geral do PCP.
“Quando se calhar outras forças esperavam que nós estivéssemos com os pneus em baixo, pelo contrário, nós estamos com os pneus mais cheios agora do que estávamos no início da campanha”, afirmou João Oliveira em declarações aos jornalistas no início de uma arruada no Barreiro, distrito de Setúbal.
Em Lisboa, o cabeça de lista do PAN, Pedro Fidalgo Marques, mergulhou no rio Tejo, à semelhança do que fez Marcelo Rebelo de Sousa há 35 anos, para provar que a água daquela zona continua poluída.
A ação de campanha, que decorreu na praia de Algés, em Oeiras, visou mostrar aos eleitores que vão votar no domingo para eleger o Parlamento Europeu que o PAN “é único partido que vai fazer a diferença” na defesa do ambiente e que constitui “um voto responsável pela natureza e pelos animais”, afirmou Pedro Fidalgo Marques.
A água “estava poluída. Muito poluída e fria”, disse o candidato à saída do mergulho.
Também em Lisboa, numa visita à União Zoófila, Francisco Paupério, que lidera a candidatura do Livre, defendeu que a União Europeia tem a responsabilidade de proteger o bem-estar animal e defendeu o reforço dos fundos europeus para as associações.
No final de uma campanha muito focada no ambiente e na conservação da natureza, Francisco Paupério não quis esquecer os animais e reservou o último dia para destacar esse tema.
Num registo totalmente diferente das outras forças políticas, o líder do Chega, André Ventura, acusou os jornalistas de serem "inimigos do povo", recorrendo a uma expressão reiteradamente utilizada pelo antigo Presidente dos Estados Unidos Donald Trump.
Na origem da acusação estiveram perguntas de jornalistas sobre um vídeo colocado nas redes sociais de André Ventura que mostra parte da sua interação com um imigrante que o abordou na quinta-feira numa ação de campanha na Póvoa de Varzim.
O Chega utiliza apenas parte das imagens da interação para sugerir que o imigrante mentiu quanto à sua nacionalidade e profissão. Na legendagem que o Chega fez, o homem afirma ser indonésio e pescador, apesar de ter dito aos jornalistas que era nacional do Bangladesh.
O Chega deixa de fora a parte em que André Ventura o questionou diretamente se trabalha na pesca e o homem responde, num português esforçado, que trabalha nas estufas e que ajuda outros imigrantes indonésios, esses sim, pescadores.
Questionado se está a imitar o ex-Presidente norte-americano, Ventura respondeu: "Você está a imitar o Fernando Mendes por fazer perguntas assim? Quer dizer, não faz sentido, eu não estou a imitar ninguém, estou a dizer aquilo que acho".
"Sabem que respeito o vosso trabalho eminentemente, mas ontem vocês foram os verdadeiros disseminadores de notícias falsas e foram, sobretudo, o inimigo do povo, que é aquele que tenta manipular o povo em prol de uma ideia política", acusou, numa interação hostil com os jornalistas e durante a qual os apoiantes aplaudiam as críticas de Ventura.
Também em declarações aos jornalistas, o cabeça de lista do Chega, António Tânger Corrêa, defendeu não ter insultado ninguém quando disse que não vai para o Parlamento Europeu “defender os animais, as plantas, os jardins”, mas sim "Portugal e os portugueses", alegando: "não há ninguém que goste mais de animais do que eu".
Questionado se o Chega não acredita no problema das alterações climáticas, continuou no tom utilizado pelo líder do partido: "Se eu quisesse ser desagradável dizia olhe vá perguntar aos cãezinhos que eles logo lhe responderão. Por amor, isto é pergunta que se faça?".
António Tânger Corrêa considerou também que afirmar que existe uma "agenda ecocêntrica" é "proteger os portugueses e os agricultores".
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