Nascido num campo de refugiados de Shati, em Gaza, juntou-se ao movimento quando estava na universidade.
Mais tarde, viria a assumir a liderança política do grupo em 2017, mas já tinha sido primeiro-ministro palestiniano depois da vitória do movimento nas eleições parlamentares de 2006.
Haniyeh foi preso por Israel diversas vezes e, em determinado momento, foi expulso para o sul do Líbano por seis meses.
Em 2003, sobreviveu a uma tentativa de assassinato por Israel, juntamente com o fundador do Hamas, Sheikh Ahmad Yassin.
Desempenhou um papel fundamental nas negociações sobre um acordo de cessar-fogo em Gaza, sendo que desde a Revolução Islâmica de 1979, o Irão tornou o apoio à causa palestiniana em como um núcleo fundamental da sua política externa.
Segundo o jornal britânico The Guardian Haniyeh era visto como uma figura moderada dentro do movimento e foi eleito chefe da ala política em 2017, antes de deixar Gaza para o exílio no Qatar dois anos depois. Do exílio, tornou-se o rosto da diplomacia internacional do grupo palestiniano e viajou entre a Turquia, Irão e Qatar, juntando-se a um grupo de líderes do Hamas abrigados em Doha incapazes de voltar a Gaza. Mesmo assim, Haniyeh era visto como uma peça-chave de comunicação com altas figuras do grupo terrorista.
Era ainda reconhecido por diplomatas e autoridades árabes como relativamente pragmático em comparação com outras vozes dentro de Gaza, e foi descrito por alguns especialistas como líder da batalha política do Hamas com governos regionais no Médio Oriente.
Em 2018, o Departamento de Estado dos EUA designou Haniyeh como terrorista e afirmou que tinha sido um “proponente da luta armada, inclusive contra civis” e que as atividades do Hamas tinham sido responsáveis por “estimativas de 17 vidas americanas mortas em ataques terroristas”.
Três dos filhos de Haniyeh – Hazem, Amir e Mohammad – foram mortos em Gaza a 10 de abril, quando um ataque aéreo israelita atingiu o carro em que estavam. Haniyeh também perdeu quatro dos seus netos, três raparigas e um rapaz, no ataque.
Muitos países, incluindo Turquia, China, Rússia e Qatar (que atua como mediador nas negociações para um cessar-fogo em Gaza), condenaram o assassinato e alertaram para o risco de agravamento e propagação do conflito.
O assassinato "pode mergulhar a região no caos e minar as possibilidades de paz", adverte um comunicado do Ministério das Relações Exteriores do Qatar, que abriga a liderança política do grupo palestino.
"Este ataque também pretende ampliar guerra em Gaza a uma dimensão regional", afirmou a diplomacia turca num comunicado, que condena o "assassinato desprezível".
Um membro do gabinete político do Hamas, Musa Abu Marzuk, declarou que o "assassinato do líder Ismail Haniyeh é um ato de cobardia e não ficará impune".
O presidente da Autoridade Palestina e em muitos momentos rival do Hamas, Mahmud Abbas, pediu aos palestinianos que permaneçam "unidos, mantenham paciência e sigam firmes contra a ocupação israelita".
Após o anúncio da sua morte, as várias fações da Palestina convocaram uma greve geral e protestos "contra o assassinato do grande líder nacional Ismail Haniyeh, que é parte do terrorismo de Estado sionista e a sua guerra de extermínio".
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, prometeu aniquilar o Hamas e resgatar todos os reféns sequestrados no ataque de 7 de outubro que provocou a atual guerra em Gaza.
Recorde-se que autoridades iranianas celebraram o ataque de 7 de outubro do Hamas contra Israel, mas negaram qualquer envolvimento do país.
O movimento faz parte do "eixo da resistência", um conjunto de grupos alinhados com Teerão, como o Hezbollah libanês ou os rebeldes huthis do Iêmen.
As hostilidades entre os movimentos pró-Irão e Israel aumentaram desde o início da guerra em Gaza, com disparos constantes na fronteira entre o norte de Israel e o Líbano ou ataques dos huthis contra cidades israelitas.
Na terça-feira, o Exército israelita atacou um reduto do Hezbollah no sul de Beirute e matou um comandante do grupo, ao qual atribuiu um ataque no fim de semana contra as Colinas de Gola ocupadas por Israel.
O Hezbollah confirmou esta quarta-feira que o seu comandante militar, Fuad Shukr, estava no edifício atacado por Israel, mas não mencionou a sua morte.
Segundo anunciado esta quarta-feira pelo grupo islamita Ismail Haniyeh morreu, num ataque, que atribuiu a Israel, em Teerão, onde se encontrava em visita oficial.
“O irmão líder, mártir combatente Ismail Haniyeh, líder do movimento, morreu em resultado de um ataque traiçoeiro sionista na residência em Teerão, depois de participar na cerimónia de posse do novo Presidente iraniano”, confirmou o Hamas em comunicado.
O anúncio da morte de Haniyeh foi feito pelos Guardas da Revolução iranianos na televisão estatal do país.
*Com AFP
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