Desde a liderança de Rui Rio no PSD que Miranda Sarmento é apontado como futuro ministro das Finanças de um governo social-democrata e será agora, com 45 anos e já com outro líder partidário, que irá assumir a titularidade na gestão das finanças públicas portuguesas.
É um dos membros de confiança de Luís Montenegro, a quem tem acompanhado em reuniões chave, e desde julho de 2022 que presidia à bancada parlamentar do PSD.
Professor auxiliar de Finanças, com agregação, no ISEG-Lisbon School of Economics and Management (Universidade de Lisboa), saltou para a ribalta quando ajudou o então presidente do PSD Rui Rio a desenhar o cenário macroeconómico do partido para as eleições legislativas de 2019.
Nesse ano, Rio cunhou-lhe a alcunha de “Centeno do PSD”, em alusão ao então ministro das Finanças do PS Mário Centeno (que na Europa era conhecido como o “Ronaldo das Finanças”) e pela qual até hoje muitos o lembram, embora, em 2020, em entrevista ao Observador, ter recusado continuar a ser comparado com o atual governador do Banco de Portugal: “não sou o Centeno de ninguém, porque não sou Centeno”, disse.
Foi por essa altura que ganhou mais peso público ao liderar o Conselho Estratégico Nacional do PSD (2020-2022) e se transformar no “ministro sombra das Finanças” dos sociais-democratas.
Com uma longa carreira académica e muitos artigos publicados, afirma que sempre votou PSD, mesmo quando ainda não tinha ligação ao partido pelo qual acabou por ser eleito deputado em março de 2022 e do qual, em julho desse ano, foi designado líder parlamentar, com 59,74% dos votos, sucedendo a Paulo Mota Pinto.
Manteve-se no cargo, mesmo após a eleição de Luís Montenegro como líder do PSD (que lhe renovou a confiança), mas a liderança da bancada não escapou incólume a polémicas, com uma série de episódios de tensão com alguns críticos internos, que lhe apontavam “falta de perfil político”.
Nas legislativas de 10 de março foi o número “dois” da Aliança Democrática (coligação pré-eleitoral formada por PSD, CDS-PP e PPM) por Lisboa, tendo sido um dos responsáveis pelo programa económico da direita nestas eleições.
Miranda Sarmento foi também assessor económico do antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva no seu segundo mandato, consultor da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) e tem um doutoramento em Finanças pela Tilburg University, na Holanda.
Após ter chegado a trabalhar durante 10 anos no Ministério das Finanças, terá agora a seu cargo pôr a economia portuguesa a crescer de 2,5% em 2025 até 3,4% em 2028, através de um choque fiscal de cinco mil milhões de euros ao longo da próxima legislatura, conforme prometido pela AD, no seu programa eleitoral.
Herda do legado socialista a credibilidade internacional de Portugal, com melhorias sucessivas do ‘rating’ da República, e contas públicas equilibradas, com o seu antecessor, Fernando Medina, a deixar-lhe o maior excedente orçamental registado em democracia e um rácio da dívida pública abaixo de 100%.
No entanto, mesmo com o desafio da inflação mais controlado, terá de responder também a uma conjuntura externa desafiante, com a guerra na Ucrânia e no Médio Oriente, e ao impacto do aperto da política monetária do Banco Central Europeu (BCE).
Apesar da vida política mais intensa nos últimos anos, continuou a publicar livros académicos (tem vários em Portugal e internacionalmente), entre os quais “Portugal - Liberdade e Esperança: Uma visão para Portugal 2030”, no qual fala sobre o que apelida de 20 anos de estagnação económica no país e defende uma reforma das instituições, a valorização do capital humano e a melhoria da competitividade da economia.
As suas áreas de investigação focaram-se, ao longo dos anos, sobretudo nas parcerias público-privadas, finanças públicas e fiscalidade.
O primeiro-ministro Luís Montenegro e os ministros do XXIV Governo Constitucional tomam posse na terça-feira e os secretários de Estado dois dias depois, estando o debate do programa de Governo marcado para 11 e 12 de abril.
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