Num discurso num comício em Coimbra, feito à chuva, Paulo Raimundo abordou o tema da habitação para criticar a “brilhante ideia” de Sebastião Bugalho de inscrever esse direito na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (UE).
De passagem, aproveitou para fazer trocadilhos com o nome da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que esteve quinta-feira no Porto para participar num comício da Aliança Democrática.
“Esse candidato foi hoje pedir uma ajuda não à Merloni, a Von Merloni, que é assim a conjugação da Von der Leyen, com a Meloni. Foi pedir ajuda a essa senhora para vir cá dar um empurrão para a desgraça”, disse, provocando risos na plateia.
Depois, o secretário-geral do PCP criticou a “brilhante ideia” de Bugalho, ao querer inscrever o direito à habitação na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, ironizando que não o fez “a brincar” e “encheu o peito e tudo” para a anunciar.
“É ridículo isto, porque… Está bem, inscreva-se lá isso, só que nós temos a nossa carta dos direitos, que se chama Constituição da República Portuguesa e tem lá um artigo - talvez a senhora Von Merloni não fosse possível identificar - mas nós ajudamos: tem lá o artigo 65 que é o direito à habitação”, disse.
Paulo Raimundo disse que se pode “escrever o que se quiser na carta da União Europeia, mas, por favor, cumpra-se de uma vez por todas o artigo 65 da Constituição da República Portuguesa, coisa que não querem fazer.
O líder do PCP voltou a referir que, apesar das “mentiras e aldrabices” que alguns querem fazer passar, a CDU não é “contra a Europa”, mas pretende antes salvá-la das injustiças e das desigualdades.
“Contra a Europa são as políticas e opções deles, porque construir uma Europa, uma União Europeia da injustiça, onde as cinco pessoas mais ricas desde 2020 até agora, aumentaram a sua riqueza em seis milhões de euros por hora. É esta Europa que eles querem construir? Nós não queremos essa Europa”, disse.
Antes, o cabeça de lista da CDU, João Oliveira, também fez um discurso no qual fez um forte apelo à mobilização, pedindo aos militantes da coligação que não “poupem esforços” nestas “horas que faltam até ao final da campanha”.
“Quem decide no dia 09 de junho não são os comentadores, as sondagens, as reportagens televisivas, as previsões e os anúncios e as perspetivas que vamos ouvindo de todo o lado, nem são as campanhas negras que vão lançadas contra quem quer que seja. É o povo quem decide e é o povo que nós temos de pôr a decidir a seu favor”, disse.
O candidato acusou PS, PSD, CDS, Chega e IL de formarem um “consenso neoliberal, federalista e militarista da União Europeia” e defendeu que “faz falta a voz da CDU para defender a soberania nacional”.
“Portugal não é o atrelado do comboio puxado por uma locomotiva franco-alemã. Portugal é um país soberano, com 800 anos de história e o seu povo tem direito a tomar as suas decisões, que sirvam os seus interesses e direitos, e não os interesses do capital financeiro e das multinacionais”, defendeu.
No início deste comício, a dirigente do PEV Mariana Silva, que integra a lista da CDU para as europeias como “número quatro”, deixou críticas ao cabeça de lista do Livre, Francisco Paupério, que acusou de ser um “autêntico deslumbrado”, por ter dito que a UE "ia na direção da solidariedade e da cooperação", a propósito do Pacto para as Migrações e Asilo.
“Diz isto apesar de saber que é uma euroaldrabice, visto que dias antes tinha referido que o dito pacto inclui a possibilidade de deter crianças. Deve ser eurocego para não ver milhares de homens, mulheres e crianças, a morrer no Mediterrâneo. Só podemos concluir que deve pensar que nós somos eurotontos”, disse.
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