O anúncio foi feito hoje de madrugada, na reunião do Conselho Nacional do partido, e a apresentação pública marcada para o final da tarde num hotel de Lisboa.
Paulo Artur dos Santos Castro de Campos Rangel tem 53 anos (nasceu a 18 de fevereiro de 1968 em Vila Nova de Gaia), e iniciou a atividade política em 2001, com a redação do programa de candidatura do atual presidente do partido Rui Rio, então candidato à Câmara Municipal do Porto apoiado por PSD e CDS-PP.
Desde então, Paulo Rangel tem repartido a sua atividade profissional pela advocacia, a universidade e a política.
Na vida académica, sempre ligado ao Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa, especializou-se nas áreas do Direito Constitucional, Direito Administrativo e Ciência Política, tendo passado pelo Instituto Universitário Europeu e pelas universidades de Bolonha, Génova e Friburgo, além de exercer a advocacia em várias firmas. Atualmente, leciona na Católica do Porto e na Porto Business School.
Entre 2004 e 2005, durante os cerca de seis meses do Governo PSD/CDS-PP chefiado por Pedro Santana Lopes, Rangel foi secretário de Estado Adjunto do ministro da Justiça, José Pedro Aguiar-Branco.
Na legislatura seguinte, iniciada em 2005 (ano em que se filia no PSD), estreou-se como deputado, eleito pelo Porto, e a sua ascensão no partido foi rápida.
No parlamento, destacou-se com uma intervenção na sessão solene comemorativa do 25 de Abril de 2007, na qual defendeu que Portugal vivia em "verdadeira claustrofobia constitucional, verdadeira claustrofobia democrática" - uma expressão que tem repetido e adaptado ao longo dos anos.
Em 2008, a seguir à vitória de Manuela Ferreira Leite nas eleições diretas para a liderança do PSD, foi o escolhido para liderar o grupo parlamentar social-democrata.
Cerca de dez meses depois, Paulo Rangel voltou a ser o nome indicado pela então presidente do PSD para encabeçar a lista do PSD às eleições de 7 de junho de 2009 para o Parlamento Europeu.
O PSD saiu vitorioso dessas eleições e Rangel chegou à vice-presidência do grupo parlamentar do Partido Popular Europeu e, em 2015, do próprio PPE.
Em 2010, Paulo Rangel disputou pela primeira vez a liderança do PSD e conseguiu 34,4% dos votos contra os 61% de Pedro Passos Coelho - que tinha perdido as anteriores diretas para Ferreira Leite -, numas eleições a que também concorreram José Pedro Aguiar Branco (3,42%) e Castanheira Barros (0,27%).
Passos Coelho manteve-o como cabeça de lista ao Parlamento Europeu em 2014, com a coligação PSD/CDS-PP a conseguir 27,7% dos votos contra 31,4% do PS (resultado que acabaria por ditar a saída do líder socialista António José Seguro, desafiado por António Costa em primárias).
Rui Rio volta a apostar em Paulo Rangel como ‘número 1’ a Bruxelas em 2017, mas o PSD, desta vez sozinho, regista o pior resultado de sempre nestes sufrágios, pouco abaixo dos 22%.
“Podia ser compreensível que mudássemos, podia vir uma outra pessoa. Mas face àquilo que são as características dele e às características que precisamos, ele simplesmente não é dispensável desse cargo e faz todo o sentido fazer mais um mandato”, afirmou Rio, justificando a escolha.
Em 2020, Rio contou com o apoio de Paulo Rangel na disputa interna contra Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz - o eurodeputado justificou-o pelo seu posicionamento mais ao centro e por considerar que tem uma “visão de médio prazo”, ao contrário de António Costa -, encabeçou a lista da direção ao Conselho Nacional no Congresso seguinte, mas alguns meses mais tarde recusou o convite para encabeçar uma candidatura à Câmara Municipal do Porto.
Desde então, o cenário de uma possível candidatura de Rangel à liderança foi ganhando força. Em 2017, o eurodeputado ponderou disputar a presidência dos sociais-democratas, na sequência da saída de Passos Coelho, mas invocou “razões de ordem familiar” para não avançar, que só recentemente detalhou.
No início de setembro, numa entrevista de vida ao programa “Alta Definição”, da SIC, Rangel falou pela primeira vez publicamente sobre a sua homossexualidade, admitindo que não o faria se a mãe - que faleceu em 2019 - ainda fosse viva, mas disse acreditar que a orientação sexual de um político não tem “relevo” para as pessoas.
Na mesma entrevista, Rangel falou também de um vídeo antigo que começou a circular há meses nas redes sociais que o mostravam embriagado nas ruas de Bruxelas, dizendo “não ter dúvidas” de que a sua publicação foi “intencional” e visou enfraquecê-lo politicamente.
Católico praticante, Paulo Rangel contou que desde criança se interessava por política e, ao contrário dos colegas que elencavam os jogadores de uma equipa de futebol, preferia decorar a composição dos governos.
Dar aulas é uma das suas paixões e foi um ‘professor’ assíduo na Universidade de Verão da JSD, uma iniciativa de formação de jovens quadros, interrompida nos últimos dois anos devido à pandemia de covid-19.
No inquérito relativo à última edição, em 2019, registou ter como ‘hobbie’ ler, como comida preferida cabrito assado e o cão como animal preferido (atualmente tem um chamado Tocque, em homenagem ao filósofo Tocqueville).
Nessa ocasião, recomendou aos alunos da Universidade de Verão do PSD o filme “A Lista de Schindler” e o livro “SPQR - Uma História da Roma Antiga”, apontando a frontalidade como a qualidade que mais aprecia.
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