No Porto, João Noronha, que esteve reunido durante todo o dia com representantes da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), da Iberdrola e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), revelou que 22 dos 49 casos foram já resolvidos, mas outros há que aguardam uma solução.
Segundo o autarca, o acordo tem de ficar fechado até janeiro de 2020, data até à qual os moradores têm de abandonar as suas casas.
"Temos situações de pessoas que já aceitaram essa mudança, temos outras pessoas que têm que ser realojadas e nós queremos que elas tenham condições dignas para estar nos próximos dois ou três anos até fazerem a sua nova", explicou.
Aos jornalistas, João Noronha sublinhou que quaisquer que sejam as soluções encontradas, terão de ser diferentes da que chegou a ser proposta pela Iberdrola, que ofereceu aos que não têm alternativa de habitação imediata, realojamento temporário em "contentores".
"Mesmo como medida transitória dois ou três anos, a câmara municipal não acha que os nossos conterrâneos possam estar em contentores. (...) Quando pensamos em habitações provisórias, achamos que estamos a falar em casas pré-fabricadas. Fomos confrontados [com contentores], não me parece que encaixe em condições mínimas", frisou.
Apesar de da reunião de hoje não ter saído uma solução final, João Noronha reconhece que foram dados passos importantes que a seu tempo revelará.
"Estamos a meio de um processo. (...) Vão haver reuniões entre a câmara municipal e a Iberdrola no sentido de acompanhar, e ainda podermos contactar, principalmente, os nossos emigrantes (...) para garantir que sejam tratados de igual forma", afirmou.
Segundo o autarca, das reuniões de trabalho saiu ainda "a predisposição da Iberdrola" para assumir mais "responsabilidades financeiras", tendo em conta que "o dinheiro que lhes era oferecido era manifestamente insuficiente".
Sobre os moradores que, a esta altura, têm já uma solução, João Noronha adiantou que será encontrada uma "solução à posteriori" que garanta que estas pessoas também serão compensadas.
Em comunicado enviado no final do dia, a Iberdrola esclareceu que "atualmente, existem oito casos de moradores que continuam a viver nas suas casas e que as deverão abandonar antes do início do processo [junho de 2020]. De entre estes oito casos, seis vão ocupar as habitações provisórias facultadas pela Iberdrola. Os restantes dois, já possuem outra habitação alternativa".
Relativamente às habitações provisórias, a elétrica espanhola esclarece ainda que "estas são habitações devidamente certificadas, que asseguram o conforto dos moradores".
Segundo a Iberdrola, estes "pré-fabricados", que estão agora em processo de instalação, foram colocados no Largo da Feira, no centro da vila, numa área cedida pela autarquia, estando a elétrica a oferecer também "soluções que permitam aos habitantes dispor de um pequeno terreno, para que assim possam continuar a cultivar e a manter os seus animais".
Para além destas medidas, a Iberdrola acordou com a autarquia que assumirá o custo da urbanização dos lotes destinados a realojamentos de habitantes interessados nesta solução, caso a autarquia disponha de um terreno que viabilize a construção das habitações.
"A Iberdrola compreende e está solidária com o desconforto que esta mudança de lar possa causar. As pessoas são, efetivamente, a prioridade máxima da Iberdrola. Dar todo o apoio necessário e assegurar um realojamento justo é o compromisso da Iberdrola", aponta a elétrica em comunicado.
O município já colocou à disposição, sem custos, um terreno no "coração da vila" com capacidade para um loteamento de 24 casas, com a condição de que seja a elétrica espanhola a pagar "as infraestruturas e o diferencial que falte às famílias para a construção das casas".
A albufeira de Daivões terá uma superfície de 340 hectares e, segundo a Iberdrola, é necessária para o funcionamento das centrais de Daivões e Gouvães. Neste momento, a empresa emprega cerca de 1.800 pessoas nestas duas obras, das quais perto de 370 são dos municípios da região.
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