"O memorando prevê que a Ecoslops venha a construir num local da empresa francesa Total, em La Mède, Marselha, uma unidade semelhante àquela que já instalou em Portugal, de regeneração de resíduos de hidrocarbonetos", disse hoje à agência Lusa o diretor executivo da empresa de Sines, Pedro Simões.
Segundo o mesmo responsável, está já a decorrer a fase de "projeto de engenharia para a construção", de forma a ser tomada a decisão final, que se perspetiva para o "final de 2017", sobre a criação da nova unidade em La Mède, no sul de França.
Com a primeira refinaria do género inaugurada em junho deste ano, a Ecoslops implementou em Sines, no distrito de Setúbal, um modelo de produção único no mundo, que aproveita os resíduos petrolíferos dos navios para produzir combustível e betume.
Além da nova unidade em França, existe interesse em aplicar o modelo e a tecnologia da Ecoslops em portos noutros países, como no norte da Europa, na Roménia, na Costa do Marfim ou em Omã.
"Em Antuérpia [na Bélgica] está a ser feito um estudo de viabilidade muito sério e há mais estudos de viabilidade a serem feitos no porto de Constança, na Roménia, na Costa do Marfim e em Omã", revelou.
O processo da Ecoslops permite aproveitar os resíduos petrolíferos dos navios, geralmente acumulados ou separados da água e enviados para incineração, dando-lhes nova utilização, com a criação de novos produtos, como combustível e betume.
"As autoridades portuárias são obrigadas a ter meios disponíveis para recolher esse tipo de resíduos, são milhões de toneladas que são recolhidas ao longo do ano, mas tipicamente o que acontece é que esses resíduos são secos e encaminhados para incinerar em indústrias que precisam de muita energia barata, como as cimenteiras e as siderurgias", explicou Pedro Simões.
A unidade refinadora de Sines já produziu "cerca de 18 mil toneladas" de combustível e de betume, tendo como objetivo atingir as "20 mil toneladas" até ao final deste ano e, em 2017, conseguir aumentar a produção para "30 mil toneladas".
Segundo a Ecoslops, representantes da empresa francesa Total e de vários portos do norte da Europa e de Singapura estiveram já de visita a Sines para estudar a implementação da tecnologia usada na refinaria.
Em Portugal, a construção da unidade, concluída há mais de um ano, representou um investimento de 18 milhões de euros, contando com um apoio de 6,2 milhões de euros de fundos comunitários e do Estado português, e emprega cerca de 50 pessoas.
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