Ex-dirigente sindical dos tipógrafos, começou a trabalhar com 12 anos e reformou-se ao fim de 53 anos de descontos, por limite de idade, mas continuou a trabalhar por conta própria e a efetuar descontos.
Depois de oito anos sem ver aumentos na pensão, recebeu uma atualização de 4,5%, como muitos outros pensionistas que hoje saíram à rua em diversos pontos do país, numa iniciativa do MURPI — Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos e da Inter-Reformados (CGTP-IN).
“A vida está difícil, tem de se lutar”, disse à Lusa, enquanto levantava a bandeira da Inter e contava histórias dos livros de honra que fez “para o Papa, para os submarinos do Paulo Portas, para o Benfica…”.
Na Alameda Dom Afonso Henriques, em Lisboa, foram vários os exemplos apresentados em tribuna pública sobre os motivos que levaram os reformados à rua: pensões de 300 e 400 euros (com atualizações de 19 euros), dificuldades em pagar a renda de casa, medicamentos e alimentação.
“Somos a geração de Abril”, ouvia-se entre o aglomerado reunido no jardim, onde tantos outros reformados passam os dias envoltos em jogos de cartas.
Os reformados da geração de Abril querem respeito e dignidade. Foram estas as palavras mais usadas nas faixas e cartazes que exibiram, a par das reivindicações de aumentos reais nas pensões.
Durante a concentração, foi feito um apelo para a mobilização para a jornada de luta e indignação da CGTP-IN no dia 09 de fevereiro.
Também o Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SGPL/Fenprof) esteve presente no protesto com uma faixa em que podia ler-se “Por uma aposentação digna”.
“Não ao roubo das pensões”, lia-se noutros cartazes, com os manifestantes a prometerem a continuação da luta.
No final, foi aprovada, por unanimidade e aclamação, uma resolução com as principais reivindicações, entre as quais um aumento de 60 euros em todas as pensões, que será enviada ao primeiro-ministro, António Costa, e à Assembleia da República.
Para os pensionistas a situação está “insustentável”, com casos de pessoas a terem de abandonar a casa onde vivem por não conseguirem pagar a renda. Enquanto uns encontram refúgio em casa dos filhos, para outros a solução é um quarto alugado, de acordo com os testemunhos partilhados pelos organizadores da iniciativa.
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