“Se o Governo nos disser que está disponível para pagar, e se o escrever, nós somos os primeiros a contratar pessoas e a colocar todos os serviços para que o Zmar seja um exemplo ao nível da pandemia em Portugal”, afirmou o advogado Nuno Silva Vieira.
Mas “o Governo não está aqui” e “não sou eu que vou dizer aos trabalhadores que podem vir amanhã e que, no final do mês, vão receber o ordenado”, acrescentou.
O causídico, que representa 114 dos 160 proprietários de casas do Zmar, alvo de uma requisição civil no âmbito da cerca sanitária decretada pelo Governo para duas freguesias de Odemira (São Teotónio e Longueira-Almograve), falava aos jornalistas, esta noite, após uma reunião com o presidente da câmara, José Alberto Guerreiro.
O advogado lembrou que o Zmar, que ocupa 80 hectares, integra serviços comuns, como piscina ou ‘spa’, e “cerca de 260 casas individuais”, sendo que “mais ou menos 100 pertencem ao próprio empreendimento e outras 160” são de privados.
O espaço, devido à pandemia de covid-19, entrou em insolvência e esta semana tinha sido aprovado, no Tribunal de Odemira, “uma recuperação” económica do projeto, prevendo “100 postos de trabalho, um verão ‘cheio’ para [captar] uma receita capaz de recuperar” o complexo e “um investidor” disponível.
“Estava tudo previsto para abrir no dia 28 de maio, com obras significativas de recuperação a partir de segunda-feira”, mas, “a partir do momento em que a requisição civil é feita”, já não vai ser possível “cumprir esse plano”, até porque “o investidor já não vem”, disse o advogado.
Na reunião com o autarca, foi possível chegar a entendimentos, de acordo com Nuno Silva Vieira, e há disponibilidade para “encontrar soluções” e disponibilizar parte do Zmar para a requisição, mas, como não esteve qualquer elemento do Governo presente na reunião, nada foi firmado.
“Essas soluções não podem ser nem escritas por mim” nem “pelo presidente da câmara. São soluções que têm de ser representadas e acordadas pelo Governo”, que “não estava”, criticou.
O causídico disse que, na reunião, chegou-se “à conclusão” de que só “uma pequena parte” do complexo poderá “ser suficiente” para alojar pessoas em isolamento profilático ou sem condições de habitabilidade e que tenham de ser transferidas para o empreendimento. Isto “sem necessidade de tocar” nas casas dos proprietários privados.
“Mas como é que vamos operacionalizar? O que é que vamos comprar? Quantas refeições temos que fazer? Quantos quartos temos que limpar? Quantas pessoas vão chegar”, questionou, frisando tratarem-se de respostas que faltam devido a “uma operação que não foi planeada” pelo Governo.
O representante afirmou ainda que recebeu a informação de que havia a intenção de, já este sábado, serem alojadas algumas pessoas no Zmar, mas frisou não acreditar que tal se concretize, porque, “sem uma operação, isto não funciona”.
Defendendo a necessidade de ser alterado o diploma que estabelece a requisição civil, para garantir a operacionalização da operação, o advogado divulgou que vai preparar um documento com o “conjunto de necessidades para que o Zmar possa funcionar e acolher pessoas em quarentena”, que será entregue ao autarca de Odemira, o qual vai “servir de intermediário com o Governo”.
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