Em causa está um discurso num evento de campanha na cidade de Prairie du Chien, no Wisconsin. Trump, de 78 anos, afirmou que se "Joe Biden ficou mentalmente debilitado", no caso da sua rival, "Kamala nasceu assim". "E se pensarem sobre isso, apenas uma pessoa com deficiência mental poderia ter permitido que isto acontecesse ao nosso país", completou.
Tais palavras, escreve o The Guardian, levaram a algumas figuras de topo do partido Republicano a distanciarem-se de Trump, mesmo apesar de todo o historial de insultos que o ex-presidente já chamou a oponentes e até aliados.
O senador Lindsey Graham, republicano da Carolina do Sul, contestou as afirmações do seu candidato. “Penso que o melhor caminho a seguir é defender a ideia de que as políticas dela estão a destruir o país”, disse à CNN, completando: "não estou a dizer que ela é louca, as suas políticas é que são loucas”.
Trump, que admitiu ter feito um discurso “sombrio”, foi também indiretamente alvo de reparos de Tom Emmer, membro republicano da Câmara dos Representantes e parte da equipa de preparação do debate de JD Vance. À ABC News, Emmer disse. "acho que nos devemos cingir às questões. As questões são estas, Donald Trump arranjou-o uma vez e eles estragaram-no. Ele vai consertá-lo novamente. São essas as questões”.
Bastante mais direto foi Larry Hogan, governador republicano de Maryland, que afirmou à CBS News que os comentários de Trump eram “insultuosos não só para a vice-presidente, mas também para as pessoas que têm efetivamente deficiências mentais”. “Há anos que digo que a retórica divisiva de Trump é algo de que podemos prescindir”, acrescentou.
As palavras insultuosas de Trump surgiram no contexto da política migratória dos EUA, um dos temas mais fraturantes de umas eleições muito equilibradas. Trump tentou contra-atacar Kamala depois da visita da Vice-Presidente à fronteira EUA-México na sexta-feira e prometeu fazer mais para controlar os pedidos de asilo e as entradas de migrantes sem documentos.
O sentimento anti-imigração, presente nos discursos de Trump desde 2016 e em áreas do país com população maioritariamente branca e que enfrenta uma crise económica, tem ficado mais extremo com a aproximação das eleições.
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